Cetesb e USP Leste se reúnem para tratar de contaminação
A equipe técnica da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) se reúne com a diretoria do Campus Ermelino Matarazzo da Universidade de São Paulo, a USP Leste, na tarde desta quinta (12). O objetivo é esclarecer a situação de contaminação do solo da universidade, que concentra gás metano, altamente inflamável, proveniente do descarte do desassoreamento do rio Tietê. Professores e alunos do campus entraram em greve na quarta, após a constatação feita pela Cetesb.
Publicado 12/09/2013 15:46
Temendo os riscos à saúde provocados pelo gás, professores, alunos e funcionários iniciaram ontem uma greve (11) até que o problema seja solucionado. A unidade tem 6 mil alunos e cerca de 270 docentes.
Na quarta-feira (11), estudantes, funcionários e docentes estiveram reunidos em uma Congregação Aberta, convocada pelos estudantes e aprovaram o afastamento do diretor José Jorge Boueri Filho e do vice-diretor Edson Leite, além da convocação de eleições diretas, paritárias com o fim da lista tríplice a serem realizadas em outubro.
A reunião, no entanto, foi anulada, já que não tinha caráter deliberativo e a pauta não respeitou o prazo de 48 horas de antecedência para que fosse apreciada. Uma nova reunião está marcada para a próxima semana.
Há muito tempo Boueri vem sendo questionado na Each por uma série de problemas que afetam cotidianamente não só os estudantes, mas também professores e funcionários. Não são poucos os casos de assédio moral e sindicância aberta para perseguição a membros da comunidade acadêmica.
Além disso, a comunidade afirma que a direção já tentou cortar vagas, fechar o espaço dos estudantes e proibir festas. "Entre todas estas questões que tivemos que enfrentar ao longo dos últimos anos apenas algumas características se mantiveram: a truculência, a falta de transparência e de qualquer diálogo", diz uma nota no site do Diretório Central de Estudantes (DCE) da USP.
Ainda de acordo com o DCE, os estudantes afirmam que a "denúncia da deposição de terra contaminada no campus foi o estopim que fez o rechaço de anos a atual direção se transformar em ação". O objetivo, agora, é aprofundar o "questionamento da falta de democracia em nossa universidade, mas que vai além e questiona diretamente o governo do Alckmin e do PSDB e seu projeto para educação, expresso na falta de professores para optativas, materiais de laboratório ou para aula de campo entre outros, e aplicado a risca por Rodas em toda a USP e por Boueri na EACH."
Contaminação
A professora de ciências da natureza e gestão ambiental Adriana Tufaile, que integra a diretoria da Associação dos Docentes da USP (Adusp), reclamou da falta de transparência com que o assunto vem sendo tratado. Segundo ela, os grevistas querem ter acesso aos laudos técnicos sobre a real situação do terreno e punição dos responsáveis. Adriana disse que o impasse está provocando uma divergência política na unidade.
A USP Leste obteve licença ambiental de operação em novembro do ano passado, mas a universidade deveria fazer adequações. No dia 2 de agosto, a unidade foi autuado pela Cetesb por descumprimento de 11 exigências. Uma delas trata justamente do sistema de extração de gases do subsolo. Segundo o auto de infração, a presença do gás metano torna “o solo impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde”.
Embora a Cetesb tenha informado que a área não oferece risco iminente, Adriana disse que teme a exposição de quem frequenta o local a substâncias cancerígenas. “Nós corremos risco em longo prazo”, declarou.
Com Agência Brasil e DCE da USP