Cineasta inicia gravações do documentário sobre José Dirceu
A cineasta Tata Amaral irá responder em seu mais novo filme os motivos que transformaram o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, em o 'vilão da República'. O documentário focará o período em que Dirceu foi ministro da Casa Civil (de 2003 a 2005) até o julgamento da Ação Penal 470 no Supremo Tribunal Federal, que o condenou a dez anos e dez meses de prisão por corrupção ativa e formação de quadrilha.
Publicado 11/09/2013 09:39
Tata, mais conhecida por longas de ficção como "Antônia", pretende fazer um "filme de observação", em que predomina a não intervenção do diretor.
Em fase inicial, o filme não tem data de lançamento. "Estamos buscando captação por meio das leis de incentivo que viabilizam os filmes brasileiros, parcerias com televisões do Brasil e do exterior." No final do mês passado, a Ancine (Agência Nacional do Cinema), do Ministério da Cultura, autorizou a captação de R$ 1,53 milhão, via Lei Rouanet, para o documentário.
A cineasta quer a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de "uma lista enorme de pessoas" e pretende gravar também nos EUA, em Cuba e na Venezuela.
Em entrevista ao Estadão por e-mail, a diretora detalhou seu novo projeto. Leia abaixo a entrevista:
Estadão: Como surgiu a ideia do documentário? Que fase da vida de José Dirceu vai enfocar?
Tata Amaral: O ponto de partida é a pergunta: "Como José Dirceu se transformou no vilão da República?" Vai se chamar O Vilão da República e abordar desde o período em que ele foi ministro-chefe da Casa Civil até o final do julgamento.
Qual vai ser o foco do filme?
Trata-se de um documentário do gênero "filme de observação": a ideia é acompanhar a intimidade deste personagem controverso num momento importante de sua vida. Acho que o filme pode ficar interessante e, do ponto de vista criativo, é um enorme desafio. Acho também que pode despertar interesse do público.
Além de Dirceu, quem você pretende ouvir?
Tenho uma lista grande de pessoas que quero entrevistar. Pretendo viajar para os EUA, Cuba, Venezuela, mas não é um filme de entrevistas, jornalístico. É mesmo um documentário de observação. Acho que, no Brasil, não temos a tradição de tematizar acontecimentos no calor do momento. Este será mais um desafio do filme: trabalhar com o atual, o contemporâneo, o "hoje".
Você já está em fase de filmagens? Tem acompanhado os movimentos de Dirceu nas últimas semanas?
Estou filmando algumas entrevistas preliminares. Já tenho quase 20 horas de material. Tenho acompanhado José Dirceu, sim. É muito interessante partilhar do cotidiano de uma pessoa num momento tão decisivo de sua vida.
Informações do Estadão