Parlamento do Mercosul: "espionagem é ofensa à soberania”

O Conselho do Parlamento do Mercosul expressou nesta segunda-feira (9) seu “repúdio” à espionagem dos EUA das conversas da presidente Dilma Rousseff, chamando-a de uma “clara ofensa à soberania do Brasil”. Em reunião na qual faltaram os delegados da Venezuela, membro do Mercosul junto com Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, os componentes do Conselho manifestaram o “veemente repúdio” às atividades de espionagem dos Estados Unidos na região. 

“Os parlamentares entendem que é válida a luta internacional contra o terrorismo, mas não pode servir de pretexto para a anulação de direitos fundamentais e a fragilidade da ordem democrática”, disseram, em comunicado.

As atividades de espionagem da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA) e de outros organismos desse país, afirmaram, “implicam uma evidente violação sistemática dos direitos dos cidadãos comuns, empresas e até Chefes de Estado” que se contrapõem “à ordem internacional” e ao “respeito mútuo” entre nações.

“Tais atividades, conduzidas unicamente pelos interesses unilaterais dos EUA, além de violar direitos, ofendem a soberania dos Estados e introduzem um clima de tensão e desconfiança na ordem internacional”, indicaram.

Em seu comunicado, os legisladores do bloco comercial, que não se reuniam formalmente há mais de um ano, destacaram que este tipo de ações, além disso, “tendem a desagregar a comunidade internacional e a comunidade americana em particular”. Deste modo, os representantes expressaram a “completa solidariedade” com a presidente Dilma e apoio à decisão de levar “este grave caso” perante as Nações Unidas, além de solicitar que seja debatido em profundidade na próxima sessão Ordinária do Parlamento do Mercosul, prevista para meados de novembro.

Espionagem

A NSA (Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos) teria investigado Dilma e seus principais assessores, além do então candidato à presidência do México (e atual presidente) Enrique Peña Nieto, de acordo com documentos ultrassecretos vazados da agência pelo ex-funcionário da CIA Edward Snowden. As informações foram repassadas pelo jornalista norte-americano Glenn Greenwald, que recebeu a maior parte dos documentos de Snowden, atualmente exilado na Rússia e procurado pelos EUA.

Os documentos vazados fazem parte de uma apresentação interna da NSA. Eles mostram que foi feita espionagem de Dilma nas comunicações, incluindo o conteúdo de mensagens de texto entre assessores e colaboradores do Planalto.

No domingo (8), o programa Fantástico, da TV Globo, exibiu reportagem em que mostra que a Petrobras também foi alvo da espionagem norte-americana. Documentos obtidos pelo jornalista norte-americano Glenn Greenwald através do ex-agente Edward Snowden, exilado na Rússia, mostram que, além da empresa brasileira, o Google e o Quai d’Orsay, sede da diplomacia francesa, também foram alvo de ataque.

Os documentos, classificados como “ultrassecretos” mostram uma apresentação interna de maio de 2012 relatando um treinamento para funcionários da agência sobre como espionar “redes privadas de computadores”. Este treinamento citou a estatal brasileira como um dos “muitos alvos” que “usam redes privadas. Embora tenha sido citada por diversas vezes nos textos, não há informação de que tipo de documentos a agência estava buscando.

Fonte: Opera Mundi