José Cícero: O que está por trás do ataque dos EUA a Síria?

Se alguém ainda acredita que os Estados Unidos foram mesmos os responsáveis e não a Rússia, pelo fim da 2ª guerra mundial, penso que não restará mais dúvidas de que agora eles estão prestes a deflagrar a terceira grande guerra que, ao que tudo indica, trará consequências inimagináveis para a vida na terra. Algo quase sem nenhum paralelo na história da humanidade. Talvez, só comparável à extinção dos dinossauros, fato ocorrido há cerca de 65 milhões anos.

Por José Cícero*

E o estopim de tal conflito não está para ser detonado na Europa (como ocorreu no passado), mas sim no Oriente Médio, por conta dos interesses dos EUA e seus aliados nas reservas de petróleos que a região possui.

Mesmo escondido pela mídia, há um evidente teatro que há muito vem sendo planejado pelos agentes do imperialismo do capital. De forma que o desmantelamento da produção de petróleo, assim como a própria instabilidade política, social e econômica daquela região é o grande propósito do governo norte americano.

Ora, o estado permanente de guerra fratricida em busca do poder, no mais das vezes motivado pelas etnias religiosas, compõe o grande cenário dos interesses ianque. E quando isso não existe, "eles" engendram motivos e pretextos para promovê-las. Ainda como é possível perceber, o avanço da democracia e do estado de direito como um valor universal e o papel preponderante que exerce na geopolítica mundial (ao contrário do que muitos imaginam) não tem caído nas graças de nenhum governo americano. O que não é lá muito diferente do que ocorre hoje com as decisões de Barack Obama, igualzinho a todos os demais.

Malgrado os discursos de fantoches, muito mais que a democracia, as ditaduras das nações consideradas interessantes (quase todas apoiadas pelos beneplácitos de Washington) têm servido à ganância dos EUA. Eis aí a grande razão que motiva o governo norte americano a intensificar sua política belicista, sanguinária, antidemocrática e invasionista como um verdadeiro atentado à liberdade e à soberania de diversas nações espelhadas pelo território Árabe, assim como pelo mundo afora. Contra a qual ninguém por enquanto está salvo.

Mas alguém poderia muito bem se perguntar: E a ONU, como fica nesta história toda? Ora, só fica. A ONU, ao que se parece (infelizmente), aos poucos, vem se transformando numa piada de mau gosto. Quase uma ficção quando se trata das decisões dos EUA que controlam segundo sua vontade, o Conselho de Segurança do órgão. Basta ver como são os critérios de ingresso. Principalmente a relação entre os membros permanentes e temporários. Basta relembrarmos como foi o papel da ONU durante as invasões dos EUA no Iraque, no Afeganistão, na Líbia, além da ingerência no Egito e do apoio político, militar e financeiro a Israel na sua escalada sangrenta contra o povo palestino na faixa de Gaza. Um genocídio. Uma vergonha que o resto do mundo e até o Vaticano fingem que não vê. E agora, tentam invadir a Síria na ânsia de transformá-la em mais um Iraque e até (pasme) utilizando-se do mesmo pretexto. Alguém tem dúvida que o interesse não é econômico?

Não tenhamos dúvidas. Os interesses do governo americano estão longe de ser a derrubada do ditador Bashar Al-Assad (simplesmente) em defesa do povo. Penso que, não fosse o apoio do imperialismo, muitos destes ditadores nunca teriam aguentado tanto tempo no poder. O povo teria, ao seu modo, feito a sua parte. O governo da Síria é nefasto (e isso é fato) e também ditatorial, mas isso não dá o direito a nenhuma nação do planeta de promover mais mortes com o descarado financiamento da guerra, tampouco com intervenção na soberania e nos interesses internos destes países. Isso é terrorismo de estado (o maior de todos), além de ferir claramente o direito internacional e a liberdade dos povos. O povo sim, (rebeldes ou não) é quem detém este direito de lutar pelo regime que mais lhe convier.

Em resumo diria que duas velhas mentiras continuam se sobressaindo no discurso de Obama, igual ao de George Bush, que por sua vez era similar aos demais que lhes antecederam. Quer seja o da suposta defesa contra o terror (o uso de armas química e de destruição em massa) e a defesa da democracia contra a violência. Ora, quem se arrisca a dizer que os EUA não fabricam tais armas? Então, porque eles podem é o resto do mundo não? Que democracia eles defendem quando historicamente têm patrocinados as mais terríveis ditaduras (inclusive no Brasil e no Chile) e até Bin Laden e Saddan? Por que mantêm bases militares em vários territórios que não lhes pertencem (inclusive em Cuba) uma frontal agressão à soberania, à coexistência pacífica e aos tratados de não-agressão? Por que ainda agora promovem uma política criminosa de venda de armas e de espionagem internacional (inclusive contra o governo e os cidadãos brasileiros)? Por que não querem resolver o problema da fome, das guerras tribais e das doenças que assolam algumas nações pobres da África, por exemplo? Como querem que o mundo acredite num falso argumento de combate ao terror, quando realizam o maior de todos – o terrorismo de estado? Por que querem falar da nossa Amazônia, como reserva internacional quando exterminaram seus índios e estão o ponto de destruir seus ecossistemas ambientais por completo? Sendo inclusive, um dos maiores poluidores do planeta em face do imenso consumo de combustíveis fósseis (petróleo que eles não possuem)? Por que são tão contrários aos acordos internacionais em favor do meio ambiente, a exemplo do protocolo de Kyoto e da Rio+20?

Então, sinceramente, que exemplo podem dar ao mundo, senão o de toda sorte de arrogância, prepotência e intolerância na sua versão mais triste? Por que não respeitam as decisões da ONU? Creio que não será tão fácil ser os donos do planeta como pretendem.

Eis algumas das verdades tidas como inconvenientes, que eles fazem de tudo para que o mundo não saiba. Razão porque é preciso antevê-las na entrelinha da grande imprensa marrom que, em regra geral, bebe na fonte das agências de notícias internacionais que por sua vez estão alinhadas até à medula ao consenso de Washington. Uma das pilastras do capitalismo criminoso que defendem com unhas e dentes.

Ademais, todo o resto é como se diz: coisa para inglês ver. Mas nós não somos ingleses, embora muitos do alto do seu inebriante encantamento argentário jurem de pé junto que o são. Mas isso são outros quinhentos…

Viva os povos livres do mundo! Viva o povo sírio com democracia, liberdade e paz no Oriente Médio e no planeta inteiro.


*José Cícero é dirigente do Comitê Municipal do PCdoB de Aurora, professor, pesquisador e poeta.

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