Dilma diz que Azevêdo deve garantir comércio mundial mais justo
A presidenta Dilma Rousseff enviou uma mensagem ao novo diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o embaixador Roberto Carvalho de Azevêdo, por intermédio do chanceler Luiz Alberto Figueiredo Machado, na qual destaca a competência e a capacidade do embaixador brasileiro.
Publicado 09/09/2013 08:49
Dilma ressalta, na mensagem ao brasileiro, a importância do fortalecimento dos mecanismos multilaterais. Para a presidenta, a experiência de Azevêdo pode conduzir a OMC a um ordenamento mundial mais econômico e justo.
A cerimônia de posse de Azevêdo, primeiro latino-americano a assumir o cargo, ocorre nesta segunda (9), em Genebra, na Suíça, embora ele tenha assumido as funções há uma semana, em substituição ao francês Pascal Lamy.
Figueiredo, que discursará durante a posse, vai seguir o mesmo tom de Dilma, destacando que a OMC é fundamental na busca pelo equilíbrio nas disputas comerciais. O chanceler brasileiro deverá fazer um alerta de que as distorções comerciais podem atingir a economia mundial de forma frontal.
O ministro das Relações Exteriores pretende advertir sobre os riscos das medidas protecionistas, das restrições agrícolas, da concorrência desleal e da escalada tarifária. Figueiredo deverá lembrar que, em dezembro, haverá a 9ª Conferência Ministerial, em Bali, um esforço de retomar as negociações e as articulações multilaterais.
No último dia 1º, Azevêdo assumiu no lugar de Lamy destacando que a prioridade dele será a conferência de Bali, em dezembro. “A [conferência] bem-sucedida, lá, irá proporcionar força para a economia global e para a OMC”, disse. “Farei tudo que posso para ver o acordo alcançado. Uma grande quantidade de trabalho e compromisso são necessários nas próximas semanas, se quisermos ter sucesso".
Azevêdo ficará no cargo de diretor-geral em um mandato de quatro anos. Diplomata de carreira, brasileiro, de 55 anos, venceu em maio a eleição para o cargo que disputava com o mexicano Herminio Blanco, de 62 anos. Azevêdo e Blanco foram os candidatos que chegaram à última etapa da disputa, que começou com nove nomes e passou por três fases.
Equipe multinacional
Ao assumir a direção-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Cavalho de Azevêdo, escolheu uma equipe de distintas nacionalidades: portuguesa, australiana, francesa, sul-coreana e brasileira, entre outras.
O chefe de gabinete de Azevêdo será o ex-embaixador da Austrália na OMC Tim Yeend, assim como fazem parte da equipe Graça Andresen Guimarães, representante permanente de Portugal nas Nações Unidas em Genebra, a sul-coreana Jung Ae-gyoung, jurista na OMC, e a brasileira Tatiana Prazeres, ex-secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Na área jurídica, Azevêdo manteve o francês Yves Renouf. O gabinete dele terá ainda o apoio de Jenifer Mutano, da divisão de acesso ao mercado da OMC, Isabel Ribeiro, da área de recursos humanos da entidade, além de Tilde Baptista-Kreyenbuhl, Napoleon Sacramento, Saskia Shuster e Fernando Perenzin, que também trabalham no órgão.
Sala Brasil
A nova etapa da OMC marca também a reinauguração da Sala Brasil na sede da entidade. Apenas alguns países têm uma sala com seu nome. A sala é mobiliada com réplicas dos móveis originais, da década de 1950, e os custos foram arcados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Em 1957, a Sala Brasil foi organizada pela CNI e outras entidades empresariais, mas ficou desativada nos últimos anos.
No período de 1919 a 1975, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) ocupou o edifício Centro William Rappard, atual sede da OMC. Para o Ministério das Relações Exteriores, Itamaraty, a Sala Brasil representa a presença do país na história das organizações multilaterais de Genebra — como membro fundador da OIT, em 1919, como signatário original do Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT, na sigla em inglês, lançado em 1947), e como membro fundador da OMC, em 1995.
Para a diplomacia, a existência da Sala Brasil na OMC é uma demonstração da importância do país nas negociações multilaterais e da relevância na economia mundial. Na semana passada, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, elogiou a economia brasileira, classificando-a como promissora.
Azevêdo disse, em várias ocasiões, que sua vitória representa o crescimento da participação da América Latina no comércio internacional e nas negociações multilaterais. Ele acrescentou que sua preocupação está na “paralisia” da OMC. Ele se referiu indiretamente à estagnação da Rodada Doha.
“[A América Latina] é uma região cada vez mais influente no comércio mundial, que é uma região cada vez mais ativa nas negociações, e acredito que [a nomeação] é uma consequência natural desta crescente participação no comércio e nas negociações”, disse ele. “Não se trata do que o sistema [multilateral de comércio] tem dado à América Latina, mas sim o que a América Latina tem dado ao sistema”, explicou Azevêdo.
Para o novo diretor-geral, é urgente o esforço para avançar na OMC. “A única maneira de olhar o futuro será sentar à mesa, juntos, com o objetivo de encontrar soluções e avançar”, destacou o embaixador brasileiro, referindo-se à Rodada Doha – cujas negociações começaram no início dos anos 2000. O objetivo das negociações é construir um amplo acordo de liberalização do comércio, mas elas não apresentam resultado há cerca de dez anos.
Fonte: Agência Brasil