Desplante: EUA não precisam de autorização da ONU para atacar
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse nesta sexta-feira (6) que não depende de autorização da Organização das Nações Unidas (ONU) para o provável ataque que vai desferir contra a Síria. Segundo Obama, os Estados Unidos "já têm" provas de que foram usadas armas químicas em ataques na Síria e atribuiu essa responsabilidade ao governo do presidente sírio, Bashar al-Assad.
Publicado 06/09/2013 16:42
Desprezando o papel da ONU, Obama insinua que a organização está paralisada e que o caso demanda "uma resposta internacional", que não deve vir de decisão do Conselho de Segurança.
Segundo interpreta Obama, ele preferiria trabalhar por meio de canais multilaterais e ONU, "mas acredito que a segurança mundial e dos EUA demandam [decisões por outros meios]”, opinou o presidente durante coletiva de imprensa em São Petersburgo, na Rússia, onde ocorre a cúpula do G20.
Obama informou que fará na próxima terça-feira (10) um pronunciamento aos cidadãos norte-americanos, depois que o Congresso o autorizar a atacar a Síria, o que deve acontecer na segunda-feira (9). Indagado se o ataque pode ser feito sem a autorização do Congresso, ele disse que, um dos motivos da consulta é apenas de o Congresso dar alguma satisfação ao povo americano “de que esta é a coisa certa” a fazer.
Democracia burguesa
“Há várias decisões que tomo que são impopulares, mas é o que se há para fazer”, disse, ao reconhecer que ações desse tipo, envolvendo operações militares, são sempre impopulares, frase que cabe perfeitamente em uma democracia busguesa, já que o representante toma atitudes e decisões sem ouvir seus eleitores.
“Fui eleito para acabar com uma guerra, e não para começar outras. Mas tenho o dever da proteção, e há tempos difíceis se quisermos defender aquilo que acreditamos”, tergiversou.
Segundo ele, o uso de armas químicas é uma "ameaça à segurança global", principalmente para países satélites dos Estados Unidos, como Turquia e Israel. "Há riscos de essas armas caírem nas mãos de terroristas", insistiu.
Na verdade, segundo denúncias da chancelaria russa, essas armas já estão em mãos de terroristas, estes apoiados pelos Estados Unidos, e foram utilizadas em ataques anteriores, conforme denúncias feitas em maio pela ONU, por Carla del Ponte, membro da Comissão de Inquérito da ONU sobre possíveis violações dos direitos humanos na Síria.
Segundo a investigação da ONU naquela época, depoimentos de testemunhas e vítimas no distrito de Guta, na periferia de Damasco, "indicam com toda a evidência que o gás neuroparalítico sarin foi usado por militantes da oposição síria", disse Carla del Ponte em entrevista à televisão suíça.
"A comissão pericial não encontrou traços de uso de armas químicas pela parte do Exército governamental", sublinha Del Ponte. Apesar de omitir ainda se realizará ou não o ataque, Obama disse ter condições para agredir o país árabe a qualquer momento.
Brasil não apoia sem aval da ONU
Também da Rússia, a presidenta Dilma Rousseff havia informado, anteriormente, que o Brasil não reconhece qualquer ação militar na Síria sem que haja aprovação das Nações Unidas.
Com agências