Haitianos pagam até US$ 2,5 mil para entrar no Brasil
Resultados de um estudo preliminar, apresentado nesta terça-feira (3) pela Organização Internacional para as Migrações (OIM), confirmam a existência de redes de tráfico de haitianos que procuram chegar ao Brasil. Eles desembarcam em Quito, no Equador, procedentes de voos do Panamá.
Publicado 05/09/2013 16:41
Na capital equatoriana, essas redes organizam os migrantes para que possam subsistir por alguns dias, com alimentação básica e moradia provisória, até que sejam providenciados documentos falsos e transporte para que consigam passar pela fronteira brasileira.
Os migrantes que estão utilizando essa rota, geralmente de muito baixa renda, pagam até US$ 2,5 mil (R$5,8 mil) pelo serviço de travessia aos contrabandistas. Segundo a OIM, esse dinheiro é geralmente obtido com a ajuda de familiares. "O estudo convoca a uma ação urgente para estabelecer mecanismos de proteção aos migrantes que estão sendo enganados, extorquidos e abusados fisicamente. É importante levar em conta que estamos vendo mais mulheres e crianças, que são especialmente vulneráveis a esse tipo de abusos", afirma Jorge Peraza, oficial regional de Desenvolvimento de Projetos para a América do Sul da OIM.
Recentemente, o Brasil criou mecanismos para que os migrantes haitianos possam solicitar o visto em seu país de origem ou, em alguns países de trânsito, como Equador, Peru e República Dominicana. Mas muitos migrantes continuam recorrendo à migração irregular com traficantes de pessoas. A ONG Conectas já havia alertado que, nos últimos meses, o Brasil tem negado todos os pedidos de vistos humanitários feitos oficialmente pelos haitianos, o que estaria provocando um aumento da migração irregular e arriscada por meio de atravessadores. Brasiléia, no Estado do Acre, seria uma das portas de entrada desses migrantes no Brasil, cuja situação já aponta para uma iminente crise humanitária na pequena cidade.
Informações oficiais dão conta de que o governo brasileiro já emitiu cerca de 10 mil vistos humanitários aos migrantes que têm chegado ao país."A migração do Haiti não é um fenômeno novo. Simplesmente, estamos vendo novos destinos, como Brasil, mas também Argentina e Chile, entre outros. Alguns migrantes decidem se instalar, ainda que temporariamente, nos países de trânsito, como o Equador", ressalta Peraza.
O estudo preliminar foi apresentado durante uma reunião entre autoridades do Haiti e Brasil, que começou nesta segunda-feira (2), em Porto Príncipe. O objetivo do encontro é identificar mecanismos de cooperação bilateral para que os canais de migração regular sejam fortalecidos e os instrumentos de proteção aos migrantes sejam ampliados. Essas medidas incluem o combate ao tráfico ilícito de migrantes, a criação de sistemas de informação e a melhoria da cooperação e da coordenação entre as autoridades dos dois países.
Segundo os últimos dados informados pela Polícia Federal do Brasil, há cerca de 1 milhão de imigrantes no país. A maioria é de origem portuguesa (277.727), seguidos pelos japoneses (91.042), italianos (73.126) e espanhóis (59.985).
Fonte: Adital