Saídas de dólares do Brasil superaram entradas em agosto

As saídas de dólares do país superaram as entradas, gerando saldo negativo do fluxo cambial de US$ 5,850 bilhões em agosto, de acordo com dados do Banco Central (BC) divulgados nesta quarta (4). Esse foi o terceiro mês seguido de saldo negativo, com US$ 1,447 bilhão, em julho, e US$ 2,636 bilhões, em junho.

De janeiro a agosto, o fluxo cambial ficou positivo em US$ 2,238 bilhões, contra US$ 22,989 bilhões de igual período do ano passado. Nos oito meses do ano, o segmento financeiro (investimentos em títulos, remessas de lucros e dividendos ao exterior e investimentos estrangeiros diretos, entre outras operações) registrou saldo negativo de US$ 12,652 bilhões, enquanto o comercial (operações de câmbio relacionadas a exportações e importações) ficou positivo em US$ 14,890 bilhões.

Em agosto, o segmento financeiro ficou negativo em US$ 3,992 milhões. O fluxo comercial também registrou déficit, de US$ 1,858 bilhão. As operações de Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC) chegaram a US$ 3,136 bilhões. Os pagamentos antecipados ficaram em US$ 4,435 bilhões. Esses valores estão incluídos nas exportações, que totalizaram US$ 17,839 bilhões. As importações ficaram em US$ 19,697 bilhões.

Em julho, o Banco Central eliminou as restrições de prazos para que os exportadores financiem pagamentos antecipados. Antes, os exportadores que quisessem antecipar o recebimento das receitas com as vendas para o exterior podiam pegar empréstimos de até cinco anos. O BC derrubou esse limite, permitindo que financiamentos de prazos mais longos sejam concedidos. A medida pode ajudar a aumentar a oferta de dólares no mercado, o que pode contribuir para empurrar a cotação para baixo.

O BC também informou que a posição de câmbio dos bancos se inverteu de comprada (indica expectativa de alta do dólar) para vendida (expectativa de queda), de julho (US$ 1,675 bilhão) para agosto (US$ 4,190 bilhões).

O BC divulgou ainda valores de leilões de venda de dólares das reservas internacionais com compromisso de recompra. Em agosto, essas operações totalizaram US$ 4,110 bilhões. Foram US$ 2,110 bilhões, no dia 22, USS 1,1 bilhão, em 26, e US$ 900 milhões, em 27 do mês passado.

Commodities

O Índice de Commodities Brasil (IC-Br), calculado pelo BC, registrou alta de 3,77% em agosto, na comparação com o mês anterior. Em 12 meses encerrados em agosto, o crescimento ficou em 5,35%. No ano, a alta acumulada chega a 3,54%.

O IC-Br é calculado com base na variação em reais dos preços de produtos primários (commodities) brasileiros negociados no exterior. O BC observa os produtos que são relevantes para a dinâmica dos preços ao consumidor no Brasil.

Em agosto, a maior alta foi registrada no segmento de metais (alumínio, minério de ferro, cobre, estanho, zinco, chumbo e níquel), com 9,70%, seguido pelas commodities de energia (petróleo, gás natural e carvão), com 4,21%.

As commodities agropecuárias (carnes de boi e de porco, algodão, óleo de soja, trigo, açúcar, milho, café e arroz) registraram crescimento de 2,38%.

No mês passado, o Índice Internacional de Preços de Commodities (CRB), calculado pelo Commodity Research Bureau, registrou alta de 4,31%. Em 12 meses encerrados em agosto, o índice internacional aumentou 11,34%.

Fonte: Agência Brasil