Reino Unido busca apoio para intervenção militar na Síria
O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, pressiona o governo estadunidense para a realização de uma operação militar contra a Síria, declarou o diário britânico The Sunday Times, nesta segunda-feira (26). Fontes do governo teriam informado que as conversações entre Cameron e o presidente dos EUA, Barack Obama, estavam em curso, e que qualquer acordo sobre uma intervenção militar poderia ser realizado na próxima semana.
Publicado 26/08/2013 16:37
O ministro britânico de Relações Exteriores William Hague afirmou, ainda nesta segunda, que uma intervenção estrangeira na Síria poderia ser realizada sem o respaldo unânime de todos os membros do Conselho de Segurança da ONU, em referência à negativa expressa da Rússia e da China a este recurso de agressão.
O chanceler britânico fez estas declarações ainda que dissesse não “especular” sobre a ação contemplada pelos países ocidentais. “É possível responder ao uso de armas químicas sem o pleno aval do Conselho de Segurança? Eu diria que sim”, afirmou Hague em uma entrevista concedida à emissora birtânica BBC.
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No mesmo sentido, e em linguagem retrógrada, o diário britânico Sunday Times anuncia: “Aliados avançam para guerra aérea contra a Síria”, para informar que planejadores britânicos e estadunidenses estão analisando potenciais alvos para ataques a míssil contra o país árabe, “entre a crescente certeza de que o regime do [presidente Bashar] Al-Assad estava por trás dos ataques com armas químicas que matou centenas de civis na semana passada”.
Os investigadores da ONU (convidados desde março pelo governo sírio e com missão negociada com as autoridades) ainda não emitiram opiniões sobre os incidentes, já que as investigações no local começaram nesta mesma segunda.
Uma reunião também está prevista entre o chefe de Estado-Maior Conjunto dos Estados Unidos Martin Dempsey, e seu homólogo britânico, o general Nick Houghton, na Jordânia para discutir as opções para o eventual ataque militar contra a Síria. Na semana passada, Dempsey havia feito declarações de advertência contra uma intervenção, já que as condições não seriam favoráveis aos interesses dos EUA.
Uma fonte próxima ao governo britânico disse ao Sunday Times que a primeira opção para uma possível intervenção seria um “ataque muito específico”, lançado desde navios de guerra posicionados no Mediterrâneo.
O governo sírio deu acesso para a equipe da ONU à região de Ghoutta, próxima a Damasco, para investigar as denúncias feitas na semana passada contra o Exército sírio pelos grupos armados opositores sobre o uso de armas químicas, pelo qual 1.300 pessoas teriam morrido.
Entretanto, o governo britânico disse que a permissão de acesso havia sido dada “tarde demais”, já que as provas físicas teriam sido destruídas desde o alegado evento. Cabe ressaltar, porém, que autoridades sírias e enviados russos acusam os rebeldes do uso de armas químicas, com base em evidências recolhidas em várias localidades.
Buscando apoio entre "aliados"
Ainda neste domingo (25), o premiê britânico David Cameron manteve conversações com o presidente da França, François Hollande, e com a chanceler alemã, Angela Merkel, sobre a possibilidade de uma ação direta.
Em posição diferente, mas igualmente agressiva, o primeiro-ministro ide Israel, Benjamin Netanyahu (que também é o chanceler interino) defende veementemente a intervenção militar no país vizinho, com quem já esteve em guerra.
Em encontro com o chanceler francês Laurent Fabius, neste domingo, Netanyahu disse esperar mais pressão do Ocidente contra o governo sírio: "É hora de decidir uma ação na Síria e não descartar um ataque dos EUA contra o país árabe". A mídia israelense também se prepara neste sentido, e está repleta de análises, nesta segunda (26), sobre o papel israelense ou os efeitos de uma possível intervenção, inclusive citando a maior demanda por máscaras de gás em Israel.
Enquanto o governo francês mantém declarações incisivas sobre o quão inaceitável é o uso de armas químicas e sobre uma medida firme, o ministro da Defesa alemão, Thomas de Maiziere, expressou o seu rechaço a uma intervenção militar, e afirmou que o Ocidente deve parar de buscar medidas militares para os problemas no Oriente Médio, de acordo com o diário britânico The Daily Telegraph.
“Não vejo razão para uma intervenção militar externa nesta terrível guerra civil na Síria”, afirmou Maiziere, neste domingo. Entretanto, os membros do Conselho de Segurança são os Estados Unidos, a Fança, o Reino Unido, a China e a Rússia, o que daria um voto de três contra dois para uma possível intervenção que, segundo Hague, não precisaria ser consensual, se mantido o hábito de ignorar o direito internacional.
Com agências,
Da redação do Vermelho