Federalização do Museu Nacional divide a classe artística
A federalização do Museu Nacional, anunciada em maio pelo Ministério da Cultura e pelo GDF, provoca reações divergentes entre os brasilienses envolvidos com a vida cultural da cidade.
Publicado 23/08/2013 09:38 | Editado 04/03/2020 16:39
Alguns alegam a falta de interesse do governo local com o espaço para defender a tomada da gestão pelo Executivo federal. Outros, no entanto, defendem a permacência do museu sob os cuidados do GDF e lembram que o monumento, idealizado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, foi construído com recursos locais. Em meio à discussão, uma reunião entre representantes do governo do DF e do ministério para assinarem o acordo foi cancelada na última quarta-feira.
Contrário à mudança na gestão, um grupo se mobilizou pelas redes sociais para discutir o assunto e criou o Não Federalização do Museu. A especialista em gestão cultural e uma das coordenadoras do movimento, Cleide Soares, argumenta que o espaço foi construído com recursos do governo local e guarda obras de arte do DF. “A função do museu também é preservar o acervo que faz parte da história do DF. Se repassarmos o espaço, onde elas vão ficar?”, questiona. Outra queixa de Cleide é a decisão ter sido tomada de forma unilateral. “Temos Conselho e Fórum de Cultura, poderia ter havido discussões. Que há uma gestão incompetente na cultura do DF não há dúvidas, mas isso não dá direito à retomada do espaço. Ainda é o que funciona melhor na cidade”, completa.
Já a colecionadora e idealizadora do Espaço Cultural Contemporâneo (Ecco), Carla Osório, não se opõe à federalização do museu. Ela concorda que há uma desorganização da administração da cultura do DF e aposta nessa mudança, desde que traga benefícios para a cidade. “A gestão é precária, desorganizada e amadora. É verdade que tem sempre programação no museu, isso porque é um prédio do Niemeyer, mas é aleatório e sem curadoria. Se a federalização significar mais verba e uma equipe com gabarito e competência, pode ser bom”, opina.