Agricultores marcham no interior paulista por Reforma Agrária
Cerca de 350 famílias do acampamento Alexandra Kollontai, do município de Serrana, interior de São Paulo, realizaram uma marcha até a prefeitura da cidade. Militantes afirmam: “Nem lembramos qual foi a última conquista de um assentamento no estado de São Paulo”, disse Frederico Sirniano, da coordenação regional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Publicado 21/08/2013 11:56
Os Sem Terra reivindicam melhores condições de infraestrutura básica do acampamento, como água, recolhimento do lixo, saúde e educação, exigindo, ao menos, que a prefeitura disponibilize transporte escolar no acampamento para que as crianças e adolescentes possam ir para as escolas da cidade.
“Estamos articulando uma pauta básica pela reivindicação da área, já que essas conquistas só virão por completo com a desapropriação da fazenda e sua transformação numa área de assentamento”, disse Frederico Sirniano, da coordenação regional do MST.
Logo após a chegada a prefeitura, os Sem Terra se reuniram com uma comissão da prefeitura para discutirem as pautas apresentadas pelas famílias.
A Fazenda Martinópolis, de 1817 hectares, está em processo de adjudicação. Ou seja, a área, ligada a Usina Nova União, está em processo de execução fiscal por parte do governo do estado por sonegação de impostos.
A Usina Nova União – de açúcar e etanol – sonegou cerca de R$ 300 milhões por não ter arrecadado Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
“O Incra já se comprometeu em destinar a fazenda para fins de Reforma Agrária. Só está dependendo da vontade política do governo do estado para que não leiloe a área, pegue a fazenda para si como pagamento da dívida, e repasse ao Incra para a criação do assentamento”, apontou Frederico.
Atualmente, as 350 famílias Sem Terra estão acampadas numa área de recuo, já que foram despejadas pela 13° vez em maio desse ano. Desde 22 de agosto de 2008, o MST luta pela arrecadação da fazenda para desenvolver no local um assentamento de bases agroecológicas.
Reforma Agrária em SP
“Nem lembramos qual foi a última conquista de um assentamento no estado de São Paulo”, disse Frederico em relação a Reforma Agrária no estado mais rico do Brasil.
Para o dirigente, o que está acontecendo na verdade é um reverso muito grande em relação a essa política, em que há, inclusive, assentamentos já consolidados correndo o risco de serem desapropriados. O caso mais emblemático foi o episódio do Assentamento Milton Santos.
Para ele, isso é conseqüência da enorme investida por parte do governo federal e estadual sobre o agronegócio, que acaba inviabilizando a Reforma Agrária não apenas na região, mas em âmbito nacional.
“Se nunca aconteceu Reforma Agrária em São Paulo, imagine agora. Ribeirão Preto, por exemplo, se vangloria por se considerar a capital nacional do agronegócio. São Paulo é o maior produtor de cana e etanol do mundo”, destaca Frederico.
Fonte: Página do MST