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Clovis Calado: Ler o livro "Esquerdismo" é essencial

Escrito entre abril e maio de 1920, Esquerdismo, doença infantil do comunismo nos traz críticas pontuais de Lênin contra os “revolucionários” da II Internacional (Karl Kautsky, Otto Bauer e Friedrich Adler) e contra os “comunistas de esquerda” de países como Alemanha, Inglaterra, Itália e da própria Rússia.
Por Clovis Calado*

Kautsky (chamado por Lênin em um famoso livreto de “o renegado”) militava contra a Ditadura do Proletariado instalada na Rússia soviética e clamava por uma “democracia pura”, criticando duramente o regime soviético, isto em plena guerra civil, quando a burguesia de 14 países tentava raivosamente derrubar o poder recém-construído. Lênin classificava estas posições como “traição” por parte destes sociais-democratas.

Já no capítulo II de Esquerdismo…, Lênin destaca que o fator principal da vitória dos bolcheviques dependia da “disciplina rigorosíssima, verdadeiramente férrea” do Partido e defendia a Ditadura do Proletariado como necessária para derrotar a burguesia. Além disso, o grande líder revolucionário nos deixa a lição de que este Partido (idealizado e desenvolvido por ele, neste caso é de suma importância estudar sua obra Que fazer?) deve estar próximo das massas trabalhadoras e não trabalhadoras (neste sentido a crítica é direta contra os que se negam a lutar em sindicatos), deixando claro que “as massas se dividem em classes”. Portanto, todo cuidado é pouco ao se aproximar das massas não trabalhadoras. Esta aproximação com as massas não descarta a vigilância revolucionária e o combate ao oportunismo – de esquerda e de direita – e este combate se torna mais direto quando a formação e a educação revolucionária de quadros são ininterruptas e seguem a linha justa do marxismo-leninismo.

Mais à frente, Vladímir Lênin faz um pequeno histórico do bolchevismo e volta a lembrar que a vitória dos bolcheviques “foi exclusivamente porque desmascarou sem piedade e expulsou os revolucionários de palavras” (os grifos são nossos) que se negavam a participar do Parlamento burguês (incluindo aí o mais reacionário, dessa vez uma crítica aos “comunistas de esquerda” Pannekoek e Silvia Pankhurst). No entanto, esta participação dos comunistas no parlamento burguês não se trata de uma mera participação, de colaboração com o parlamento burguês, mas sim, uma participação crítica, de denúncia diuturna contra o sistema capitalista e contra a ideologia burguesa, analisando as contradições desse sistema e propagandeando a ideologia marxista-leninista do proletariado e a transformação do mundo em um mundo socialista e comunista. O político comunista, para Lênin, “que quiser ser útil ao proletariado revolucionário deve saber distinguir os casos concretos de compromissos que são precisamente inadmissíveis, mas que é uma expressão de oportunismo e traição”. O Parlamento burguês para um comunista revolucionário não pode ser igual a uma confraria, um clube de amigos onde tudo acaba em tapinhas nas costas e boas risadas. A luta de classes também deve penetrar no parlamento burguês.

O Partido, como defendia Lênin, além da disciplina férrea para lutar contra os oportunistas e provocadores de direita, precisa “saber combinar acertadamente o trabalho ilegal com o legal”.

Os ensinamentos de Lênin continuam atuais, principalmente quando vemos uma gama de defensores da liquidação do Partido Comunista, transformando-o num organismo sem rosto, sem identidade, multicolorido, eclético, que recebe a influência de ideias totalmente estranhas ao marxismo-leninismo.

Portanto, é necessário – mais do que nunca – reforçar o papel combativo do Partido, tornando-o próximo das massas trabalhadoras, com uma linha mais justa e um incansável trabalho ideológico, formando combatentes revolucionários para a luta. Sem isso, o Partido se transforma em Partido Comunista apenas nas palavras.

Titulo Original :Um livro essencial para se compreender o momento atual é:" Esquerdismo, doença infantil do comunismo".

*Clovis Calado é militante do PCdoB de Pernambuco.