Juiz de MG quer despejar 180 famílias sem-terra
Há oito anos acampadas na Fazenda Prata, no município de Pirapora, Norte de Minas Gerais, as 180 famílias Sem Terra do acampamento José Bandeira, do MST, correm o risco de serem despejadas.
Publicado 16/08/2013 10:17
No começo do mês de agosto, o juiz da Vara Agrária de Minas Gerais, Octávio de Almeida Neves, concedeu uma liminar de reintegração de posse para que as famílias fossem despejadas da área, mesmo sem ter visitado a fazenda, como relatam os Sem Terra.
Entretanto, após uma marcha realizada no dia 8 desse mês pelos acampados até a Câmara dos Vereadores, em Pirapora, a juíza da Comarca local – que tem em mãos a carta precatória para cumprir o despejo -, pediu para que fossem juntados documentos para que em até 15 dias enviasse um parecer
Segundo os Sem Terra e organizações que contribuem no acampamento, como a Comissão Pastoral da Terra (CPT), a população de Pirapora, assim como o atual prefeito da cidade, Léo Silveira (PSB), junto com seu secretariado, apoiam as 180 famílias que hoje resistem no Acampamento José Bandeira.
Histórico da Fazenda Prata
Em 2003, centenas de famílias do MST ocuparam a Fazenda Prata, que contava com uma área de 2.937 hectares abandonada. Após sete anos, as famílias foram despejadas da fazenda. Após continuar abandonada, dois anos depois, em 5 de agosto de 2012, cerca de 180 famílias Sem Terra reocuparam a Fazenda Prata.
O próprio laudo do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) atestou a improdutividade da fazenda e que, portanto, não cumpria com sua função social. As famílias passaram, então, a acampar em barracos de lona preta, sem energia elétrica, mas produzindo grandes quantidades de hortaliças, milho, feijão, arroz e mandioca, seguindo uma linha da agroecológica. Com essa produção, as famílias passaram, inclusive, a abastecer a Feira Popular de Pirapora, aos sábados e domingos.
Nos dias 10 e 11 de agosto, frei Gilvander Moreira junto com outros apoiadores visitaram o Acampamento José Bandeira, realizaram uma celebração ecumênica e uma marcha até ao Rio São Francisco, onde foram batizadas 13 crianças Sem Terrinha.
Em nota, a CPT alega “irrestrito apoio à luta das 180 famílias do Acampamento José Bandeira, do MST, em Pirapora, como uma luta justa, legítima e necessária. A Vara Agrária de Minas foi transformada em Vara Latifundiária pelo juiz Octávio Almeida Neves, o que tem agravado muito os conflitos agrários em Minas Gerais. Mandar despejar as famílias do MST da fazenda Prata é uma decisão injusta e covarde, e que não pode ser aceita”.
Com informações da CPT