PM reprime e detém manifestantes em ato contra Alckmin em SP

O frio e a chuva em São Paulo não intimidaram os milhares de manifestantes que protestaram nesta quarta-feira (14) nas ruas do centro por um transporte público de qualidade. Mas o tempo também não abalou a ação da Polícia Militar, que agrediu as pessoas com bombas, cassetetes e tiros de balas de borracha. Na frente da Câmara Municipal e da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) o cenário foi de repressão policial, que mais uma vez, agiu com extrema agressividade.


Tropa de Choque da PM reprimiu manifestantes na Câmara e na Alesp / Fotos: Eduardo Sales

Na Câmara Municipal, onde 16 manifestantes estavam reunidos com o presidente da Casa, José Américo (PT), a sessão foi encerrada após o parlamentar afirmar que os documentos da CPI dos Transportes estarão disponíveis em audiência pública na próxima quinta-feira (22). Ele aconselhou os movimentos a elaborarem um projeto de iniciativa popular para delegar ao Legislativo a tarefa de fixar o preço da passagem de ônibus.

No entanto, do lado de fora, a Tropa de Choque da PM cercou os manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral. Conforme fugiam da repressão, as pessoas faziam barricadas com lixo em chamas nas ruas para atrasar o avanço das viaturas. Algumas pessoas foram presas, mas a PM não soube informar o número correto.

Os policiais começaram a jogar bombas e disparar tiros de balas de borracha numa rua em que havia dezenas de pessoas saindo do trabalho. “Eu já estava um pouco longe da concentração e caiu bomba atrás de mim. Todos os lugares estavam tomados por bomba de gás lacrimogêneo, depois que os policiais dispersaram, o choque começou a avançar do lado direito e dispersou o pessoal na avenida”, conta Rafael Bruno, executivo público.

“Um cara de um bar forneceu água pra gente lavar o rosto que estava ardendo sob o efeito do gás lacrimogêneo”, diz Bruno Maia, do coletivo Pedra no Sapato.

Após a repressão policial, o ato se encerrou. Algumas pessoas foram presas, outras feridas e muitas passaram mal, depois de respirarem o gás das bombas atiradas pela polícia em mais uma noite marcada pela violência contra os movimentos populares.

Assembleia

O mesmo ocorreu em frente à Assembleia Legislativa. A Tropa de Choque jogou bombas e atirou com balas de borracha contra os manifestantes. Estilhaços atingiram duas pessoas, pelo menos cinco ficaram feridas, entre elas Severina Ramos do Amaral, da Central de Movimentos Populares (CMP).

Um grupo de 400 manifestantes queria pressionar os deputados a aprovarem a instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as denúncias de cartel em obras do Metrô. Entretanto, a base governista não autorizou a entrada de nenhum representante.

Corrupção

O Movimento Passe Livre (MPL) apoiou o ato que foi convocado pelo Sindicato dos Metroviários, cujo objetivo era denunciar o montante de aproximadamente R$ 500 milhões de dinheiro público que foram desviados nos contratos das licitações do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

As recentes denúncias de formação de cartel entre as empresas estrangeiras do setor teve a complacência de governos estaduais do PSDB.

Depois de se concentrarem no Vale do Anhangabaú, os manifestantes passaram pelas sedes da Prefeitura, Ministério Público do Estado e Secretaria estadual dos Transportes Metropolitanos, na rua Boa Vista, onde a marcha se deteve por alguns instantes. Uma comissão formada por representantes dos Metroviários, Ferroviários e do MPL foi recebida pelo chefe do gabinete da secretaria e diretores do Metrô e da CPTM.

Foi entregue uma carta pedindo o fim das terceirizações e das privatizações no transporte metroferroviário, redução da tarifa, investigação das denúncias de corrupção e punição dos responsáveis.

Fonte: Brasil de Fato