Militares faltam em depoimento sobre morte de Mário Alves
Três militares convocados pela Polícia Federal para depor nesta hoje (14) em uma audiência pública da Comissão Estadual da Verdade do Rio em conjunto com a Comissão Nacional da Verdade (CNV) na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) não compareceram. Eles alegam já ter prestado esclarecimento à comissão e já responderem judicialmente pelo sequestro, tortura e morte do líder comunista Mário Alves, em 1970. As comissões reiteraram o pedido sob pena de condução coercitiva ao depoimento.
Publicado 14/08/2013 13:02
De acordo com o advogado Rodrigo Rocca, que representou os ex-tenentes do Exército Luiz Mário Correia Lima, Roberto Duque Estrada e Dulene Garcez, a ausência não se dá por "desprestígio ou descaso, mas por já terem deposto pelo mesmo fato”. "Eles se reservam a nada mais declarar além do que já disseram", disse Rocca.
O presidente da Comissão Estadual da Verdade e da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro, Wadih Damous, despachou em conjunto com a coordenadora da CNV, Rosa Cardoso, uma reiteração da convocação. "Entendemos que estão obrigados a vir, ainda que fiquem em silêncio", enfatizou. "Não aceitamos as ponderações. Eles serão conduzidos coercitivamente a se apresentar e estão passíveis de ação penal por parte do Ministério Público", completou.
Rosa Cardoso explicou que as comissões são instâncias diferentes da Justiça, e com objetivos diferentes. "Despachamos uma representação para o Ministério Público para que seja ajuizada denúncia por crime de desobediência."
O outro convocado, o ex-major do Corpo de Bombeiros Valter da Costa Jacarandá, compareceu à Alerj, e ainda pode se apresentar para depor.
De acordo com depoimentos e relatos anteriores, Mário Alves foi espancado, eletrocutado e submetido a afogamentos durante uma noite no 1º Batalhão de Polícia do Exército, na zona norte do Rio, onde funcionou o Destacamento de Operações de Informações (DOI), braço operacional dos centros de Operações de Defesa Interna (Codi). O líder da esquerda armada e secretário-geral do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário morreu devido a hemorragias internas pelo empalamento com um cassetete de aço com estrias.
fonte: Agência Brasil