Michelle Bachelet critica "sexismo" da campanha eleitoral chilena
A candidata presidencial chilena Michelle Bachelet defendeu, na terça-feira (13), durante um encontro com jornalistas estrangeiros em Santiago, a necessidade de realizar grandes reformas para combater a desigualdade e chamou de “sexismo”, a maneira como estão tratando a confrontação entre ela e a opositora Evelyn Matthei.
Publicado 14/08/2013 09:51
“Há um certo sexismo. Quando duas mulheres são candidatas à presidência, se diz que é uma campanha de duas mulheres, mas alguma vez alguém falou sobre a campanha de dois homens? Não”, criticou Michelle. Segundo ela, o que está verdadeiramente em jogo são dois projetos distintos de país.
Ao ser questionada sobre o ineditismo da campanha de duas mulheres, a ex-presidenta (2006-2010) rebateu: “Quando há homens candidatos se discute o transcendental e não o circunstancial. Aqui há uma corrida – de outros candidatos também – com projetos diferentes para o país”.
No encontro, Michelle comentou que a concorrente Evelyn, da coalizão conservadora, propõe “um projeto país que dá continuidade ao governo do atual mandatário Sebastián Piñera”, enquanto ela representa outro projeto “que busca mudanças estruturais para enfrentar decididamente a desigualdade”.
A proposta de mudança de Michelle é estruturada sobre três eixos principais: uma reforma educativa, uma reforma tributária e uma nova Constituição.
A candidata da coalizão Nova Maioria, disse ainda que pretende acabar com o lucro e com a segregação social, permitindo a gratuidade de seis anos na educação – demandas elaboradas pelo movimento estudantil que eclodiu em 2011.
Com relação à reforma tributária, a ideia é permitir levantar dentro de quatro anos, acerca de 8 bilhões de dólares anuais para financiar, entre outras melhorias, a reforma educacional.
Já o projeto para a nova Constituição terminaria com as "travas" estabelecidas na Constituição imposta em 1980 por Augusto Pinochet. Segundo Michelle, permitir "as minorias vetem as maiorias", isto quer dizer que os setores mais conservadores poderão frear certas reformas. Além disso, a nova Carta Magna deve incorporar o reconhecimento institucional dos povos indígenas.
“Estamos vivendo um momento histórico”, disse a ex-presidenta socialista, que defendeu que as mudanças devem ser realizadas “com governabilidade e responsabilidade”.
Da redação do Vermelho