Denúncia: Sauditas tentaram comprar apoio da Rússia contra Síria
O presidente russo rejeitou uma proposta saudita que pedia a Moscou deixar de apoiar o governo sírio em troca de um vultoso contrato de venda de armamento e de maior influência no mundo árabe, segundo revelaram nesta sexta-feira fontes ligadas ao Kremlin.
Publicado 09/08/2013 19:19
Pútin recebeu na sede do governo russo, em 31 de julho, a visita do príncipe Bandar ben Sultan, chefe dos serviços secretos da Arábia Saudita mas não foi feito qualquer comentário oficial sobre o encontro.
Um diplomata europeu com ligações em Beirute e Damasco disse à AFP que o príncipe, que tinha reuniões normais com os homólogos dos serviços secretos de Moscovo, "desta vez" pediu para ser recebido pelo presidente.
Ben Sultan propôs à Rússia um contrato de armamento no valor de US$ 15 milhões, além de investimentos "consideráveis" sauditas no país.
O assessor de política externa do presidente Pútin, Iúri Uchákov, asseguro à agência de notícias Reuters que o chefe de Inteligência da Arábia Saudita, Bandar, foi quem fez a oferta ao chefe de Estado russo.
Uma outra fonte disse à AFP que o príncipe comunicou a Pútin que "qualquer que seja o regime" que venha a suceder a Al-Assad, na Síria, "vai ficar inteiramente nas mãos dos sauditas, que não vão permitir aos países do Golfo a passagem de gasodutos através da Síria para que a concorrência do gás russo consumido pela Europa fosse preservada".
Em 2009, Al-Assad recusou a assinatura de um projeto do Catar para construção em território sírio de um gasoduto entre o Golfo e a Europa, para proteger a Rússia, o principal fornecedor de gás à Europa.
De acordo com um diplomata árabe com contatos em Moscou "o presidente Pútin escutou de forma polida o interlocutor e fez saber que o país não vai alterar a estratégia, apesar das propostas".
"Bandar ben Sultan pediu depois aos russos para compreenderem que se a única opção é militar, é preciso esquecer Genebra", acrescentou o mesmo diplomata.
As conversações de paz de Genebra são defendidas pela Rússia e pelos Estados Unidos mas não se conhecem êxitos até ao momento.
Questionado sobre os objetivos do encontro em Moscou, um político sírio que permaneceu no anonimato respondeu que assim como aconteceu com o Catar, a Arábia Saudita considera que a política consiste na compra de pessoas ou do país e que os sauditas não compreendem que a Rússia é "uma grande potência" que não determina a política dessa forma.
"A Síria e a Rússia têm relações estreitas há mais de meio século em todos os domínios e não são os sauditas que vão fazer alterações", acrescentou.
"Um acordo tão extremo como esse é pouco provável" disse Alexandre Goltz, especialista em questões militares do jornal online russo da oposição Ejednevny, acrescentando que para Pútin, "Al-Assad é uma questão de princípio".
"Este tipo de desinformação serve sobretudo para destabilizar Al-Assad e o círculo de poder em Damasco", disse Andrei Soldatov especialista independente sobre questões de segurança.
"A posição de Al-Assad está a reforçar-se e o Kremlin está consciente de que a traição neste quadro é demasiado forte", sublinhou o especialista.
Com agências