Ministros israelenses sugerem fim da cooperação com a UE
O ministro israelense da Economia Naftali Bennett está convocando o governo de Israel a encerrar toda cooperação com a União Europeia, após a recente publicação de “diretrizes” para os países membros contra o financiamento de projetos a serem realizados nas colônias judias em terras palestinas. As informações foram noticiadas pelo jornal israelense Ha'aretz, em artigo desta terça-feira (6).
Publicado 07/08/2013 15:07
Na passada segunda-feira (5), o presidente do Conselho Nacional de Segurança Yaakov Amidror realizou uma reunião para discutir as implicações da nova decisão da União Europeia, que barra a cooperação com entidades israelenses ligadas às colônias judias na Cisjordânia, em Jerusalém Leste e nas Colinas de Golã (território sírio).
A discussão, que aconteceu ao nível de diretores-gerais ministeriais, foi uma preparação para um encontro similar que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu planeja realizar nos próximos dias.
Um dos tópicos discutidos foi a questão de ser Israel deve se integrar ao programa de pesquisa e desenvolvimento da União Europeia, “Horizonte 2020”. Israel já participa no atual programa europeu, que termina em dezembro, e é o único país de fora da UE convidado para integrar o novo programa como membro pleno.
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Os ministros da economia, educação e ciência tinham todos se candidatado para participar no programa “Horizonte 2020”, que terá início no próximo ano.
Apesar de Bennett não ter estado presente durante a reunião, ele deixou claro que acredita que a coisa mais certa a se fazer é finalizar toda cooperação com a UE. Mas seus colegas ressaltaram que esta é a sua opinião pessoal, e que na reunião com Netanyahu, ele também apresentará a opinião profissional do seu Ministério.
“Não está claro que as contramedidas de Israel terão qualquer efeito”, disse um membro do Ministério da Economia. “Estamos falando de uma mosca que não necessariamente incomodaria o elefante europeu. Mas nós encontraremos algo que poderia ter um impacto e analisaremos isso”.
Em contraste com Bennett, o ministro da Ciência Jacob Perry opõe-se veementemente à retirada israelense do programa “Horizonte 2020”, e enviou uma carta aos seus colegas do gabinete há alguns dias, para pedir que não tomem decisões precipitadas.
Financiamentos milionários
Se Israel integrar o programa “Horizonte 2020”, pagará à União Europeia 600 milhões de euros (ou R$ 1,8 bilhões) nos próximos sete anos, e em troca, as universidades, pesquisadores e companhias israelenses serão elegíveis aos financiamentos europeus e outros fundos em uma ampla variedade de campos tecnológicos.
Como resultado, para cada euro que Israel pagar, espera ter de retorno 1,5 euro, ou cerca de 900 milhões de euros (R$ 2,7 bilhões), no total. Isso significa que seu lucro líquido pela participação no programa seria de 300 milhões de euros.
As novas diretrizes da União Europeia, publicadas pela Comissão Europeia no mês passado, requerem que qualquer entidade israelense a participar em um projeto do bloco ou receber dele um financiamento, prêmio ou doação, declare não ter conexão, direta ou indireta, com as colônias na Cisjordânia, Jerusalém Leste ou nas Colinas de Golã.
Em resposta, o ministro da Defesa, Moshe Ya’alon, ordernou que o “establishment” da Defesa parasse de cooperar com os projetos da UE e com os seus representantes na Cisjordânia, inclusive em projetos europeus de infraestrutura na Área C, a grande porção da Cisjordânia sob o controle israelense.
Ya’alon também planeja tornar mais difícil para oficiais europeus entrarem ou deixarem a Faixa de Gaza passando por Israel. Ambas as medidas são aparentemente aprovadas por Netanyahu.
Com informações do Ha'aretz,
Da redação do Vermelho