Farc propõe comissão para determinar vítimas do conflito
A Delegação de Paz das Farc-EP divulgou, nesta segunda-feira (5), um comunicado reafirmando a proposta de criar uma comissão para determinar as vítimas do conflito armado. De Havana (Cuba), onde o grupo e o Governo da Colômbia se reúnem para o décimo segundo ciclo de diálogo pela paz, o guerrilheiro Pablo Catatumbo leu o documento em resposta ao Informe Geral do Grupo de Memória Histórica, lançado em 23 de julho.
Publicado 05/08/2013 12:01
Os representantes das Farc-EP propuseram que se crie uma comissão independente de “nacionais e estrangeiros” para que seja estudado novamente o número de vítimas, determinado anteriormente pelo Governo em mais de 200.000 pessoas, nos últimos 50 anos.
“As Farc solicitam que a Comissão independente que empreende o estudo da confrontação faça, em primeiro lugar, a pronta revisão e complementação do mencionado informe, entendendo que dele depende em grande parte o êxito da evacuação do ponto Cinco da Agenda de Diálogos”, diz o texto.
Neste quesito, o comunicado faz referência ao ressarcimento das vítimas como centro do acordo entre o Governo Nacional e as Farc-EP, no qual é tratado: 1. Direitos Humanos de Vítimas e 2. Verdade. Com isso, a guerrilha manifesta a vontade de que o tema seja tratado com “sensatez, realismo e apego à verdade”.
A guerrilha indica que o conflito colombiano deve ser estudado desde o início da violência e argumentam que a sugerida comissão “deverá estudar o tema da violência partidária e sua incidência nos acontecimentos posteriores e no surgimento do grupo, como deverá avaliar também a responsabilidade dos meios de comunicação, da igreja oficialista, das potências estrangeiras intervencionistas (principalmente dos Estado Unidos da América), dos latifundiários, dos empresários e do setor financeiro”.
Sugestão de reforma
No texto lido por Catatumbo, as Farc-EP entendem que o Estado colombiano é o maior responsável pela “ação e omissão do que aconteceu durante o conflito”. Por isso, indica que para fazer a transição de um estado de conflito interno para um estado de paz é necessário ainda que “as partes aceitem na mesa de Havana que, entre outras reformas e mudanças estruturais, é necessário reformar a justiça do país para que o ramo jurisdicional consiga sua independência orgânica”.
Os representantes consideram que este mesmo ramo foi politizado pelo braço executivo e a responsabilidade do Estado nos acontecimentos de guerra vem sendo desqualificada a cada dia.
Da redação do Vermelho
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