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Aglaete Martins: Sobre a crise estrutural do capitalismo.

Desde a sua formação, o Partido Comunista do Brasil, jamais arrefeceu na luta contra seus inimigos, (Estado Novo, TFP, CCC, ditadura militar/64), inimigos do povo e da Pátria.
Por Aglaete Nunes Martins*

Buscando sempre a construção de uma sociedade igualitária, fundada na divisão da riqueza, sem propriedade privada (latifúndios), divisão de classes, de gênero, racial, pugnando pela reforma agrária, segue sua trajetória histórica.

O marxismo, fundamentado no materialismo dialético, criado por Karl Marx e Engels, ao estudarem o desenvolvimento da natureza e da sociedade, se revelou o caminho que se apresenta como à fórmula propícia a concepção deste objetivo (Politzer – 1).

As inquietações humanas impulsionam as mudanças sociais e favorecem suas transformações. Quanto maior a sua quantidade, melhor será a qualidade resultante de suas transformações, operadas nas relações com o Estado.

É o acirramento das contradições e o seccionamento das relações de produção com as forças produtivas (trabalhador), que acarretam o volume das ideias revolucionárias.

O marxismo “É a ciência das leis do desenvolvimento da natureza e da sociedade”, segundo Stalin. Tendo por base a revolucionária filosofia marxista, é que o proletariado poderá enfrentar os novos desafios rumo ao socialismo.

Na contemporaneidade a tecnologia, é a ferramenta utilizada pelos inimigos, cujo objetivo é retardar o avanço da luta dos trabalhadores, incitando o consumismo, sobrepondo o individualismo à causa comum, deixando expostas as contradições do capitalismo. É a luta das forças contrárias, (operariado x patronato).

As nações que se formaram no combate ao feudalismo instituíram as relações capitalistas de produção, sujeitando as classes trabalhadoras ao jugo do patronato, pagando baixos salários para manter seus privilégios, trouxeram consigo os males que se disseminaram na sociedade, propagando a desigualdade entre seus membros.

Segregaram negros com a eugenia utilizando os higienistas (médicos e jesuítas), excluíram as mulheres do mundo dos homens, mediante a andocentria, alijaram idosos (detentores do saber).

Instituíram a hierarquia de classes racial, de gênero, semeiam a discórdia entre lideranças e liderados, negam os partidos políticos organizados, suas conquistas históricas, incutem a divisão entre os povos e a exploração capitalista externa, esta é representada pela interna, na pessoa de seus governantes que se beneficiam do lucro auferido com a exploração da força de trabalho da mão de obra dos trabalhadores, aos quais pagam cada vez menos, exploração esta que é aumentada com a cobrança de impostos e taxas extorsivas.

O racismo é implementado "no preconceito sutil ou na discriminação explícita, na tendenciosidade cultural, através de normas egocêntricas de comportamento e de beleza, mediante estereótipos e estigmas.", (2) sobrepondo a cor da pele ao conteúdo do caráter (Martin Luther King).

O trabalhador negro é remunerado, porém em valor abaixo do salário pago ao não negro, que já percebe remuneração inferior ao preço da força que despende na produção de bens e serviços. “No capitalismo à diferença entre ricos e pobres, veio somar-se a diferença entre homens livres e escravos." (Engels- 3).

Surge o sexismo, que nega cidadania plena à mulher, e a conciliação de sua função reprodutiva com o labor produtivo, segregando-a numa posição inferior, mistificando sua condição genérica, desqualificando sua contribuição social para baratear sua força de trabalho e inviabilizar seu empoderamento. Utiliza-se da mídia disseminando a pornografia, potencializando o erotismo, propagando a violência, desconstruindo sua personalidade e mitificando sua sexualidade.

Contrapondo-se a esta prática, insurge-se o feminismo surgindo no século 19, para ser um movimento autônomo sem objetivos políticos, para não tornar moeda de acordos para as perspectivas masculinas. Simone de Beauvoir preconizou, “O destino da mulher e do socialismo, estão intimamente ligados". (4)

O "Contrato Social" que constitui o Estado, se legítima na existência de leis, que impeçam a institucionalização da violência, como ordem a ser imposta para a concessão de direitos aos exploradores e obrigação aos explorados, não pode tolerar sob sua égide, "Grupamentos especiais que sujeitem a sua vontade os demais grupos sociais, sequer políticos voltados a governar em causa própria" (Politzer), nem a mídia manobrada como órgão de pressão ideológica desvinculados do coletivo popular.

A proposta anarquista visa seccionar a luta contra o Estado burguês, da luta de classes. "A força real do Estado, se solidifica no apoio, confiança e no crédito que tiver junto aos trabalhadores na democracia. É a república democrática, segundo Engels, "a mais elevada das forma de Estado "(5).

A sociedade capitalista já não nos oferece esta confiança. Apresenta um processo de entropia, e vai perdendo sua corporeidade.

É neste contexto que surge o Partido, operando o movimento contrário a tais antagonismos, aprofundando as mudanças necessárias, sem afastar-se de seus princípios, para assumir o seu protagonismo histórico e atingir o estagio, onde possa travar "a definitiva batalha, rumo ao estado socialista ".

Aglaete Nunes Martins é militante do PCdoB Rio de Janeiro.

Bibliografia

1 – Georges Politzer, Guy Besse e Maurice Caveing. Princípios Fundamentais de Filosofia – Hemus Livraria Editora Ltda-SP.
2 – Laurence Thomas. Igualdade Invertida uma Resposta ao Pensamento Kantiano – Michael P.Lavine e Thomas Pataki- Racismo em Mente-Ed.Madras-SP.
3 – Simone de Beauvoir – O Segundo Sexo- Ed. Nova Fronteira-RJ.
4 – Friedrich Engels – A Origem da família da Propriedade Privada e do estado-Ed. Civilização Brasileira