Chefe da equipe palestina nas negociações de paz comenta cautela
O chefe da equipe palestina nas negociações de paz, Saeb Erekat, em entrevista publicada nesta sexta-feira (2) pelo jornal Folha de S.Paulo, admitiu ser normal o ceticismo com relação ao anúncio da retomada das negociações com os israelenses. Afinal, lembra Erekat, ainda que as partes tenham investido em um processo de paz desde a assinatura dos Acordos de Oslo, em 1993, os palestinos viram apenas “mais colonos, mais assentamentos e mais extremistas”.
Publicado 02/08/2013 15:06
Erekat diz que entende o ceticismo, mas que não há nada errado com o empenho na tentativa. “O problema é a abordagem. Se algumas partes acreditam que a negociação tem de garantir a impunidade israelense, então essas conversas não vão trazer nenhum resultado positivo”, diz o diplomata.
“Negociações devem vir como um acordo em comum, um interesse em comum, que seja encerrar a ocupação israelense e restabelecer os direitos de todos os envolvidos”, afirma.
Secretário-geral da OLP diz que Israel deve esclarecer posições
Palestinos relatam violações israelenses e expectativas de paz
Palestina suspende medidas internacionais em prol de negociações
Em referência à posição israelense e à política interna, pautada por um sionismo colonizador, Erekat ressalta que “algumas pessoas vão ter de dizer ‘sim’ ou ‘não’ para a ocupação e, dependendo dessa resposta, nós estaremos aptos a firmar a paz”.
Erekat menciona a Iniciativa Árabe para a Paz, apresentada pela Liga Árabe, e que inclui o reconhecimento e estabelecimento do Estado de Israel pelos países membros caso haja uma solução para o conflito, através do estabelecimento do Estado palestino. Neste sentido, o diplomata diz: “Somos um bloco único quando o assunto é a Palestina”.
Ao responder à importância de países como o Brasil para o processo, Erekat ressalta o reconhecimento do Estado palestino e apoio à sua admissão na ONU como “um investimento brasileiro na paz”.
“Seu país continuará a exportar paz justa porque vocês entendem a importância de acabar com a ocupação israelense. Esperamos mais ações do Mercosul para seguir a decisão da União Europeia em declarar claras diretrizes para lidar com produtos e instituições vindos de assentamentos”, explica.
Já sobre a situação da política interna palestina, Erekat garante que a realização de um referendo sobre qualquer acordo alcançado será aprovado, já que “nunca submeteríamos para o voto nada que fosse menos do que o garantido pela legislação internacional para nosso povo”.
Além disso, afirmou que o Hamas, movimento de resistência islâmica que governa a Faixa de Gaza, “concordou que qualquer acordo será colocado para votação em um referendo nacional, onde esperamos que os palestinos no Brasil estejam aptos a votar”.
O atual processo de negociações, cuja retomada foi anunciada na semana passada, representa a 11ª tentativa em 20 anos, desde a assinatura dos Acordos de Oslo, cujas provisões deveriam ter sido temporárias. Entretanto, não houve avanço para a questão palestina neste âmbito, o que explica a desconfiança dos palestinos e dos observadores internacionais, embora a negociação para uma solução seja urgente e necessária.
Com Folha de S.Paulo,
Da redação do Vemelho