Publicado 29/07/2013 09:39 | Editado 04/03/2020 16:46
Francisco, da cidade de Assis, na Itália, deixou um poderoso exemplo, canonizado logo em seguida à sua morte. Há 800 anos, a Europa também vivia um processo de mudança social, com o declínio do período feudal. Naquele tempo, um jovem frade decidiu abandonar a clausura dos mosteiros para pregar nas ruas, procurando os fiéis onde eles estavam. Assim, um dos ensinamentos franciscanos é que, nos momentos de crise e mudanças, devemos “ir para a rua”, olhar nos olhos das pessoas para construir uma nova realidade juntos.
Não à toa, esse foi o chamamento feito pelo Papa em uma de suas homilias no Brasil. “Quero que saiam para as ruas, quero que a igreja saia para a rua, quero que nos defendamos da comodidade, do clericalismo, do que é estar fechados em nós mesmos”. É um chamado importante nesses tempos em que muitos jovens brasileiros têm ido as ruas, em nome de mudanças, contra a apropriação de bens públicos por poucos e, principalmente, lutando por serviços públicos à altura de um país que hoje é a sexta economia do mundo.
Se olharmos para o Maranhão, então, é que não faltam motivos para indignação e ida para as ruas: em meio a tanta riqueza, um povo abandonado, esgotos a céu aberto, falta de água nas casas, os piores índices de médico e policial por habitante, a maior exclusão educacional e digital, a expulsão de maranhenses dos seus lares em busca de melhores dias em outros estados.
No encontro que tive com ele, o Papa falou da parábola do Semeador, narrada no Evangelho. Como o semeador que busca o melhor local para plantar, também nós, que almejamos mudanças, devemos procurar o solo fértil dos corações de todas as idades para semear o futuro. Quando me despedi do Papa Francisco, ele fez o mesmo pedido que tem feito a tantos: “reze por mim”. Respondi com a mesma oração: “reze por mim e pelo Maranhão”.
Flávio Dino, 45 anos, é presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), foi deputado federal e juiz federal