Espanha: Rajoy tentará esclarecer denúncias de corrupção

O chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy, comparecerá no próximo dia 1º de agosto no Congresso dos Deputados para explicar as acusações de corrupção contra o Partido Popular (PP), confirmaram nesta terça-feira (23) fontes oficiais.

Em declarações à imprensa, o presidente da Câmara dos Deputados, Jesús Posada, informou que Rajoy intervirá na sessão plenária de 8 de agosto para esclarecer as denúncias do ex-tesoureiro do PP Luis Bárcenas, em prisão provisória desde 27 de junho.

No dia 15 de julho, Bárcenas confessou perante a justiça ter realizado pagamentos ilegais a membros de altos cargos do PP, inclusive o próprio governante, como parte de uma contabilidade secreta gerenciada por ele durante 20 anos no seio do partido conservador.

Este escândalo, denunciado pela imprensa no início do ano, prejudicou a credibilidade do presidente, artífice, também, de um draconiano plano de cortes sociais e trabalhistas para reduzir o déficit público.

Segundo afirmou Posada, o formato da apresentação do chefe do Executivo, que ontem disse que daria sua "versão" sobre o denominado caso Bárcenas, será similar aos que oferece quando presta contas sobre as conclusões das cúpulas europeias.

Dessa forma, Rajoy se pronunciará sem limite de tempo, para depois dar passo ao turno de réplica dos grupos parlamentares da oposição e a uma contestação final do presidente, em um debate que durará várias horas.

O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), de cunho social-democrata, afirmou ontem que insistirá em pedir a renúncia do chefe do governo, apesar de ter resolvido ir ao Congresso por vontade própria.

Sobre a decisão do governante, a vice-secretária geral do PSOE, Elena Valenciano, estimou que chega tarde, de modo ruim e à força, e antecipou que os "socialistas" voltarão a solicitar sua renúncia durante dito debate.

Consideramos que não deve continuar (no cargo), mas queremos dizer isso na sede parlamentar, enfatizou em uma coletiva de imprensa.

Na opinião da dirigente da principal força da oposição, o anormal e extraordinário seria se Rajoy não fosse à Câmara de Deputados, quando em qualquer democracia do meio "por muito menos e muito antes" teria ido ao Parlamento, apontou.

Para Valenciano, a ameaça de apresentar uma moção de censura contra o Governo, afirmada na semana passada pelos socialistas, contribuiu para obrigar Rajoy a comparecer, mas também influenciou, disse, a pressão internacional e da opinião pública espanhola.

Em termos muito similares pronunciou-se o líder da coalizão Esquerda Unida, Cayo Lara, que pediu ao presidente um debate sério, sem armadilhas e artimanhas e que não termine sem resultados.

Fonte: Prensa Latina