Dilma cumpre agenda oficial em Fortaleza

Durante a inauguração de duas estações – José de Alencar e Chico da Silva – da Linha Sul do Metrô de Fortaleza (Metrofor), Dilma admitiu que o transporte metroviário no País está com décadas de atraso, mas elogiou a obra ressaltando que o equipamento é importante não só para o Ceará mas para o Brasil. “Com um projeto desse estamos dando qualidade não apenas de transporte, mas também de trabalho aos cidadãos”.

Dilma enalteceu a obra, que beneficiará cerca de 350 mil pessoas por dia, mas advertiu que é preciso iniciar rapidamente o processo de integração com outros meios de transporte: "Se não tiver transporte subterrâneo, através do metrô, ou elevado, ou se não fizer arranjos que permitam a integração de modais, não há solução para o problema nem do trânsito, nem da qualidade de vida da população brasileira", defendeu.

Ainda durante a inauguração, Dilma citou grandes projetos de mobilidade urbana que estão em execução no Ceará, dentre eles quatro composições de trens elétricos; duas linhas do metrô; execução da Linha Leste e implantação de Veículo Leve sobre Trilhos.

O ministro das Cidades, Agnaldo Ribeiro, informou que o governo federal já investe em projetos de mobilidade urbana no Ceará recursos que somam R$ 6,4 bilhões. O montante envolve os repasses para as obras da Linha Leste do metrô, o Programa de Transporte Urbano de Fortaleza, o VLT Parangaba-Mucuripe, os três BRTs em obras na capital (nas avenidas Dedé Brasil, Alberto Craveiro e Paulino Rocha), recursos destinados para a Ponte Estaiada e outros projetos em Caucaia.

Entusiasmado, o governador Cid Gomes afirmou que, “em breve, Fortaleza será a maior malha metroviária per capita do Brasil”. Segundo o gestor, a continuação das obras do metrô – com a conclusão da Linha Leste – aumentará para 71 quilômetros a extensão do trajeto do Metrofor. “Será maior que a de Rio de Janeiro e de São Paulo”, comparou. A capital paulista, conforme citou o governador, tem 74 quilômetros de linhas. O governador anunciou ainda que a Linha Leste do Metrô de Fortaleza, que seguirá do Centro da Capital ao Fórum Clóvis Beviláqua, deverá ter suas obras iniciadas em setembro próximo.

Atualmente, com a conclusão da Linha Sul, Fortaleza tem apenas 24,1 km em linha de metrô. A obra demorou 14 anos para ser atingida, sendo que nas gestões de Lula, Dilma e Cid, de acordo com dados do Governo, foram investidos 58% de todos os recursos aplicados na obra. A Linha Sul do Metrofor, iniciada em 1999, liga Pacatuba a Fortaleza através de 20 estações e está orçada em R$ 1,5 bilhão sendo a maior parte de recursos é do Governo Federal. A contrapartida do Estado é de R$ 300 milhões. Sempre a 60 km/h, serão necessários 35 minutos para fazer todo o percurso.

Manifestações

Enquanto ocorria a solenidade de inauguração das estações do Metrofor, em área restrita, um grupo de manifestantes que reuniu indígenas, médicos, bombeiros, policiais militares, estudantes, metroviários, profissionais da saúde e religiosos realizaram protesto nas ruas do Centro de Fortaleza.

“Queremos demarcação de terras e melhorias na saúde, na educação, na habitação e na segurança alimentar das tribos indígenas”, disse Dourado Tapeba, um dos articuladores do movimento indígena no Ceará. Segundo outro líder indígena, Kauã Pitaguary, "23 áreas indígenas esperam por demarcação só no Ceará".

Médicos e estudantes se reuniram na Praça da Bandeira e seguiram em caminhada pelas ruas do Centro. A categoria é contra medidas tomadas pelo Governo Federal na área da saúde, como os vetos à Lei do Ato Médico e o Programa Mais Médicos. O presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará, José Maria Pontes, criticou as medidas anunciadas pela presidenta. “A Dilma, quando fez o pronunciamento em rede nacional, declarou que o problema da saúde no Brasil era falta a de médicos. Não somos culpados pelo caos na saúde pública. Os médicos não são culpados pela lotação nas emergências e falta de condições de trabalho", desabafou. A categoria encerrou a manifestação cantando o Hino Nacional e soltando balões verdes.

Bombeiros e policiais protestaram contra a expulsão de militares que participaram da greve em janeiro de 2012 e de outras reuniões reivindicatórias.

Um grupo derrubou grades de proteção e tentou entrar no evento, mas foi contido pela tropa de Choque da Polícia Militar.

Sobre as manifestações, a presidenta considerou ser “natural do ser humano cada vez querer mais”. “Democracia exige sempre mais democracia, desejos sociais conquistados vão também ensejar mais direitos sociais a serem conquistados”, disse. O governo, segundo ela, deve ter a capacidade não apenas de entender a motivação dos protestos, mas também de “canalizar e resolver”.

Pronatec

Durante a tarde, Dilma participou da cerimônia de formatura dos estudantes do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), no Centro de Eventos do Ceará. A presidenta enalteceu a maioria de mulheres nas turmas. “Me emociona saber que 71% das pessoas dos cursos são mulheres e 64% têm entre 16 e 19 anos”, disse.

Para ela, estes são dados muito importantes, considerando a história recente do Brasil, onde era difícil ver turmas de formação profissional tão cheia de mulheres. Os formandos, oriundos de dez municípios cearenses, recebem benefícios do Governo Federal através do programa Brasil Sem Miséria. O Pronatec promove a capacitação de pessoas carentes e em busca da oportunidade do primeiro emprego.

Segundo dados do Governo do Estado, 15 mil jovens concluíram o programa no Ceará em 2012. Atualmente, outras 15,5 mil pessoas, de 68 municípios, estão matriculadas no Pronatec, sendo que 165 cidades do Estado estão cadastradas pelo Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). Os participantes recebem transporte, alimentação e material de estudos para os cursos realizados por parceiros como o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) e as unidades do Sistema Nacional de Aprendizagem. Podem concorrer a uma vaga pessoas cadastradas ou em processo de cadastramento nos programas federais de transferência de renda, beneficiários do Programa Bolsa Família ou do Benefício de Prestação Continuada.

Nos últimos dois anos, o Ceará teve mais de 30 mil alunos matriculados, sendo que muitos já se formaram, de acordo com a STDS. Somente para este ano, foi disponibilizado um total de quase 43 mil vagas para o Pronatec no Ceará.

Os dez municípios participantes do Pronatec Brasil sem Miséria são Aquiraz, Caucaia, Eusébio, Fortaleza, Horizonte, Maranguape, Maracanaú, Pacajus e São Gonçalo do Amarante.

Cinturão das Águas

Em Fortaleza, Dilma Rousseff também assinou a ordem de serviço para a construção do primeiro trecho, que abrange três lotes, do Cinturão das Águas do Ceará (CAC). A obra pretende circundar o Estado e levar água para as áreas mais atingidas historicamente pela seca. “As águas, de fato, vão rolar no Ceará e no Nordeste”, afirmou Dilma.

Com 158 km de extensão, o primeiro trecho do CAC vai levar água do reservatório de Jati, no eixo norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco, passando pelo rio Cariús, afluente do Jaguaribe, chegando até o açude de Orós. O sistema será capaz de abastecer 17 municípios cearenses com água para consumo humano, hidratação animal e agricultura irrigada.

Segundo dados do Governo do Estado citados pela presidenta, o Cinturão vai garantir 95% da demanda de água no Ceará até 2040. “A segurança hídrica é a mais importante que se pode dar a alguém, porque água é vida”.

O trecho autorizado beneficiará os municípios de Jati, Porteiras, Brejo Santo, Abaiara, Mauriti, Barbalha, Crato, Milagres, Nova Olinda, Farias Brito, Lavras da Mangabeira, Aurora, Cariús, Iguatu, Quixelô, Icó e Orós.

Refinaria no Ceará

Durante entrevista coletiva, Dilma Rousseff reafirmou compromisso com a Refinaria no Ceará. Segundo a presidenta, ela espera que a construção da Premium II seja iniciada ainda neste ano, mas não deu certeza quanto ao início das obras. “Ela será iniciada este ano, é o que nós esperamos. Eu só posso garantir que ela será feita”.

De Fortaleza,
Carolina Campos

Fotos: Governo do Ceará / Simec