Marcha das Vadias no Rio: contraponto pacífico à jornada católica
No sábado (27), está marcada a Marcha das Vadias, que fará contraponto pacífico à visita do papa ao Brasil, durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ). A marcha está marcada há pelo menos dois meses e faz parte da agenda de luta das feministas, que tem realizado diversos atos em todo país com o tema "Quebre o silêncio", para incentivar mulheres a denunciar os crimes de violência doméstica para que ganhem visibilidade e sejam punidos.
Publicado 17/07/2013 11:45
A historiadora e pesquisadora Nataraj Trinta, uma das organizadoras da marcha, garante que não haverá provocações feitas diretamente ao papa, que estará no Brasil para a JMJ.“Não teria por que um movimento que faz uma marcha contra a violência buscar um confronto que possa gerar um ato de violência”, ressaltou. Segundo Nataraj, o momento é propício ao diálogo. A ideia é fazer um contraponto pacífico à visita do papa, no qual serão colocadas as pautas da marcha, “que vão de encontro ao Estado laico”, completou.
No Rio de Janeiro, a Marcha das Vadias ocorre desde 2011 e reúne milhares de pessoas na orla de Copacabana. O objetivo é combater a violência contra as mulheres e os casos de abuso e estupro que têm aumentado no país. De acordo com dados do Dossiê Mulher do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP-RJ), o número de estupros de mulheres no estado do Rio de Janeiro aumentou 24,1%, em 2012, em relação com o ano anterior. As delegacias policiais do estado registraram 6.029 estupros no ano passado, sendo 82,8% contra mulheres, das quais 51,4% tinham de até 14 anos de idade e 55,7% eram negras.
A marcha defende, ainda, a não violência de gênero em geral, porque a violência afeta também as transsexuais, lésbicas, os negros e homossexuais, disse. Neste ano, o movimento também deverá abordar a necessidade de defesa do Estado laico, diante do avanço do projeto de lei que institui o Estatuto do Nascituro.
A representante da Marcha também ressaltou que, para as mulheres, “é muito cara a questão da autonomia dos nossos corpos. A não legalização do aborto que ocorre no Brasil é uma questão muito cara para as mulheres. E tem acirrado cada vez mais, com o estatuto do nascituro, com a criminalidade de movimentos sociais que falam sobre a legalização do aborto, entre outras coisas que a gente tem visto no Congresso Nacional”. Segundo Nataraj, o movimento é democrático e pacífico.
Com Agência Brasil