PCdoB inicia no Ceará mobilização e debate para o 13º Congresso
Num encontro ampliado com a participação de representantes de 23 municípios, o Comitê Estadual do PCdoB no Ceará iniciou no sábado (13/07), o processo para a realização do 13º Congresso do Partido. Quadros, parlamentares, representantes de diversos setores dos movimentos sociais e filiados participaram do encontro que começa a discutir os documentos que serão aprofundados nas diversas assembleias de bases, Conferências Municipais e na Conferência Estadual.
Publicado 16/07/2013 12:11 | Editado 04/03/2020 16:28
O presidente estadual do PCdoB-CE, Carlos Augusto Diógenes (Patinhas), fez uma abordagem sobre as teses apresentadas pelo Comitê Central que nortearão as discussões durante o processo de congresso. “Nossos debates serão em torno de uma pauta nacional, mas sempre sob o cenário da realidade local”, destaca.
“Estamos sendo novamente chamados a colaborar na consolidação de um projeto nacional de desenvolvimento. Debateremos com a militância comunista desde as assembleias de base até a plenária da conferência estadual”, alerta.
O dirigente comunista informa que o documento proposto pelo Comitê Central é dividido em duas partes. “Uma foca no cenário nacional, com o balanço dos dez anos dos governos progressistas de Lula e Dilma, as perspectivas para o Brasil e o crescimento do PCdoB neste período. O outro ponto do documento fala sobre o cenário internacional, com a crise do capitalismo castigando vários países da Europa e até os Estados Unidos”.
Patinhas reforça que, para começar a analisar o período dos governos progressistas, é preciso levar em conta a herança deixada pelo governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. “O início do Governo Lula foi marcado pela transição da política neoliberal herdada para um projeto nacional de desenvolvimento, com ampliação da democracia e redução da pobreza, recomposição do estado brasileiro e mudança na política externa e da macroeconomia”.
Carlos Augusto ressalta que, apesar da crise iniciada ainda no período do Governo de Lula, e que tem prosseguimento até os dias de hoje, a presidenta Dilma busca avançar nas mudanças macroeconômicas. “Vivemos uma situação ainda mais complexa, se comparada ao início da crise do capitalismo, no final da década passada. Este é um período em que a oposição, nucleada pelo PSDB, DEM e PPS, procura meios cada vez mais sórdidos para desgastar o governo e a liderança de Dilma e para isso alia-se à mídia e ao sistema financeiro”, alerta.
Manifestações
Usando como pano de fundo o cenário atual brasileiro, Patinhas também destaca a onda de manifestações que tiveram seu ápice no mês de junho. Ele fez um breve resumo de como foram iniciados os protestos. “Começou em São Paulo, com a luta pela redução da tarifa do transporte público. Após uma forte repressão policial, o movimento adquiriu expressão nacional com grande impacto político. Observamos que a força motriz destes movimentos são a classe média e a juventude, demonstrando uma crise urbana profunda nas grandes cidades com insatisfação popular”.
“Agora os atos passaram a ser dirigidos pelo movimento social. Exemplo disso foi o Dia Nacional de Lutas com Greves e Mobilizações, que na última quinta-feira, dia 11 de julho, organizou manifestações em todo o país e que a mídia tentou enfraquecer o encontro que apresentou bandeiras concretas, dentre elas a redução da jornada de trabalho, projeto de Inácio Arruda, que há 18 anos tramita no Congresso Nacional”, ressalta o líder comunista.
Carlos Augusto destaca a iniciativa da presidenta Dilma ao aproveitar o vigor das ruas para avançar nas mudanças. “Após a eclosão de manifestações, a presidenta já iniciou várias ações como a reunião com governadores e prefeitos, lançou um pacto com propostas de mudanças, abriu diálogo com partidos políticos e movimentos sociais. Ela não ficou parada diante dos acontecimentos e ratifica sua autoridade, ao contrário do que a oposição tentou mostrar: que o Brasil não tinha governo, que o clamor das ruas estava descontrolado”.
“Aproveitemos este período em que estamos construindo o nosso congresso para convocar a militância para ir à rua e liderar este movimento popular. Queremos garantir que as conquistas alcançadas não retrocedam. Precisamos entender o significado dessas mobilizações e buscar colocar o PCdoB como protagonista nessa nova fase de muita disputa. Devemos unir as forças progressistas, movimentos sociais, sindicais, setores do parlamento, do governo e intelectuais com o objetivo de apresentar uma plataforma comum indicando um rumo para este processo de mudança”, conclama Patinhas.
O PCdoB neste período
Patinhas abordou também a posição do PCdoB durante os dez anos de governos progressistas no Brasil. “Fomos co- protagonistas deste processo. Nosso apoio a Lula aconteceu desde a sua primeira campanha e tem continuado com a presidenta Dilma”.
O dirigente comunista relembrou episódios em que o PCdoB atuou de forma determinante ao longo da última década. Em 2003, o partido realizou sua 9º Conferência Nacional com objetivo de discutir o novo quadro surgido no país com a eleição de Lula. “Discutimos se a gente iria ou não fazer parte do Governo. Aceitamos e contribuímos com ideias e efetiva participação”.
Em 2005, relembra Patinhas, o Partido exerceu papel importante na grande crise que abalou o presidente Lula. Já em 2006, sua reeleição abriu uma nova correlação de forças e o PCdoB passa a propor mais audácia na política macroeconômica e liderou a criação de bloco de esquerda na Câmara dos Deputados. Em 2008, o Partido apoia a iniciativa de sindicalistas na unificação das lutas sindicais. “2011, com Dilma, defendemos uma nova arrancada no projeto de desenvolvimento para o país, apesar da crise. Lutamos por mais democracia através da reforma na superestrutura, da democratização da mídia, por mais desenvolvimento na macroeconomia e nos serviços sociais, como saúde, educação e segurança pública”, enumera.
Em 2013, acrescenta Carlos Augusto, com as recentes manifestações populares, o PCdoB apoia o governo Dilma e defende o avanço nas mudanças. “Até 2014, viveremos grandes embates políticos e uma intensa luta de ideias. As manifestações fazem parte do legado desse período de avanços no país, de conquistas. O povo luta por mais melhorias”, ratifica.
13º Congresso
Patinhas considera que a década foi um período favorável para o crescimento do Partido. “A construção do 13º Congresso é o momento para ganhar a militância, para que ela vivencie a ideia de que o PCdoB é um partido diferente, com projeto de esquerda, que quer a construção de uma nova sociedade. A militância está sendo convocada para dar sua contribuição nas discussões desde as assembleias de bases até a plenária final. Juntos, iremos construir uma grande conferência estadual dos comunistas cearenses”, conclama.
Abel Rodrigues, Secretário de Estadual de Organização do PCdoB-CE, também falou sobre a importância da participação de todos para o êxito do 13º Congresso. “Este é um chamamento para que cada militante ajude no processo de mobilização para o Congresso. Estamos numa fase decisiva, já com a abertura para a realização das assembleias de base e das Conferências Municipais, que seguem até 22 de setembro”, informa. A Conferência Estadual será nos dias 12 e 13 de outubro, em Fortaleza e a plenária final do Congresso entre os dias 13 e 16 de novembro, em São Paulo.
Realizado a cada quatro anos, os congressos têm a importância de ser a expressão maior da democracia que rege a vida do Partido. “Este é o momento em que o coletivo partidário é chamado a construir a linha política do PCdoB. Ele representa o revolvimento, o despertar, a força transformadora da militância que acelera o ciclo de crescimento que estamos vivendo”, enaltece Rodrigues.
A realização do Congresso mostra o caráter diferente do Partido, que tem como característica ser extremamente democrático. “O Congresso não é realizado apenas pra cumprir o estatuto, mas representa o ápice da democracia cotidiana do Partido”, afirmou o dirigente estadual do PCdoB-CE. Ele conclama toda a militância a debater os materiais, a política que vai orientar o PCdoB por pelo menos para os próximos quatro anos.
Além disso, reitera Rodrigues, durante o processo de realização do Congresso, a militância é chamada a eleger as novas direções que conduzirão o Partido. “Serão eleitos os dirigentes dos comitês municiais, comitê estadual e central. Este é um processo rico, construído de forma harmônica e coletiva”, reforça.
Rodrigues informa que a meta até a realização da Conferência Estadual é realizar 140 Conferências Municipais, mobilizar cerca de 8.500 filiados ao longo do processo, reativar as 189 organizações de bases que se reuniram nas conferências de 2011 e realizar uma grande campanha de filiação objetivando chegar perto dos 30 mil filiados no Estado. “São metas ousadas mas plenamente alcançáveis”, considera. “Nossa batalha agora é colocar como foco, durante os próximos dois meses, o Congresso do Partido. O êxito dele depende do esforço de cada um de nós”, defende.
A reunião do Comitê Estadual se estendeu ainda pelo domingo, onde foram deliberados a realização de seminários em Fortaleza para aprofundar o debate sobre as teses do Congresso. Os encontros priorizarão os presidentes dos Comitês Municipais que irão replicar os debates em suas cidades. Durante o encontro do final de semana também foram aprovadas as normas complementares do Comitê Central para a realização do 13º Congresso do PCdoB no Ceará.
De Fortaleza,
Carolina Campos