Altamiro Borges: A poesia do “pelego” Josias de Souza

O jornalista Josias de Souza, da Folha, é conhecido por seu ódio aos movimentos sociais e por suas intimas ligações com o alto tucanato. Na semana passada, ele até posou de poeta para atacar o Dia Nacional de Lutas convocado pelas centrais sindicais.

Por Altamiro Borges*, em seu blog

Para ele, o protesto “das centrais e seus penduricalhos (UNE, MST, PT, PCdoB, PDT e etecetera)” serviu para mostrar as diferenças entre “a rapaziada e a pelegada”. O jornalista, que evita falar sobre o “mensalão” ou a “privataria” tucanas, afirma que a principal diferença “é a forma como os dois grupos se relacionam com os cofres públicos. Um entra com o bolso. Outro usufrui”. Ele até publica uma “poesia” para desqualificar o sindicalismo.

Vale registrar alguns dos seus versos pobres e venenosos:

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A rapaziada é #. A pelegada é $.

A rapaziada é o bolso. A pelegada é imposto sindical.

(…)
A rapaziada é máscara de vingador. A pelegada é cara de pau.

A rapaziada é viral. A pelegada é bactéria.

A rapaziada é chapa quente. A pelegada é chapa branca.

(…)

A rapaziada é sociedade civil. A pelegada é sociedade organizada.

A rapaziada é banco de praça. A pelegada é BNDES.

A rapaziada é a corrida. A pelegada é o taxímetro.

A rapaziada é asfalto. A pelegada é carro de som.
(…)

A rapaziada é explosão. A pelegada é flatulência.

A rapaziada é o público. A pelegada é a coisa pública.

(…)

A rapaziada é pressão popular. A pelegada é lobby.

A rapaziada é farinha pouca. A pelegada é meu pirão primeiro.

(…)

A rapaziada é namoro. A pelegada é tédio conjugal.

A rapaziada é grito. A pelegada é resmungo.

(…)

A rapaziada é abaixo a corrupção. A pelegada é a perspectiva de inquérito.

A rapaziada é mistério. A pelegada é indício.

A rapaziada é a alma do negócio. A pelegada é o segredo.

A rapaziada é novidade. A pelegada é o mesmo.

(…)

A rapaziada é impessoal. A pelegada é departamento de pessoal.

A rapaziada é decifra-me. A pelegada é devoro-te.

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No livro “O jornalismo canalha: A promíscua relação entre a mídia e o poder” (Editora Casa Amarela), o jornalista José Arbex Jr. fala do ódio da mídia aos movimentos sociais, em especial ao MST. Num dos capítulos, ele denuncia que vários jornalistas “aceitam fazer o papel dos escribas do poder… Muito poderia ser escrito sobre as razões que determinam tal comportamento – do triunfo momentâneo do pensamento neoliberal, para o qual o mercado é a lei inexorável da existência, ao puro e simples oportunismo de carreiristas que sabem o que devem escrever e falar para ‘se darem bem’ na profissão”. Entre outros casos deprimentes, ele cita o “poeta” Josias de Souza.

O livro relata um episódio envolvendo diretamente o jornalista da Folha. Para atacar o MST, Josias de Souza “utilizou recursos” e seguiu “orientações do Incra” durante o triste reinado de FHC. A denúncia foi comprovada na época e o “pelego” foi desmascarado. Mesmo assim, ele não perdeu a pose e continua fazendo seu joguinho sujo a serviço da famiglia Frias e dos interesses do capital. Ele detesta “as centrais sindicais e os seus penduricalhos (UNE, MST, PT, PCdoB, PDT)” e, por isso, tentou pegar carona nos protestos juvenis de junho para atacar e estigmatizar os movimentos sociais organizados. Sua “poesia”, porém, não engana mais ninguém!

* blogueiro, presidente do Centro de Estudos de Mídia Barão de Itararé e Secretário Nacional da Questão da Mídia do PCdoB