Venezuela trará experiência da coletividade ao Mercosul
“A principal lição que aprendemos nos últimos 14 anos é a de deixar o individual de lado para criarmos algo coletivo. Trabalharemos por esse sonho em toda a América Latina.” Para Ingrid Barón, defensora dos direitos da comunidade LGBT na Venezuela, é com esse pensamento que seu país deve atuar no Mercosul a partir desta sexta-feira (12), quando assume a presidência temporária do bloco.
Por Vitor Sion*, enviado especial do Opera Mundi a Montevidéu
Publicado 12/07/2013 11:17
Com a bandeira colorida símbolo do movimento sempre em punho, não é à toa que Ingrid fala de um aprendizado nos últimos 14 anos. Desde 1999, a Venezuela passa por um processo de transformação política, econômica e social, iniciada pelo falecido presidente Hugo Chávez e que agora é comandada por Nicolás Maduro.
“Estou aqui reivindicando e lutando pelo legado de Chávez. A integração da América do Sul e a disseminação da missão humanista e socialista de Chávez são a realização do sonho de Simón Bolívar.”
Questionada sobre o que a fez deixar Caracas rumo a Montevidéu para participar da Cúpula Social do Mercosul, Ingrid não titubeia e volta a falar em nome do presidente venezuelano morto em 5 de março deste ano. “Queremos demonstrar aos outros países que o chavismo é um projeto – diferentemente do que a direita imperialista, tanto a venezuelana como a norte-americana, quer mostrar”, argumentou.
Ingrid, de 41 anos, viajou ao Uruguai acompanhada por outros 20 venezuelanos. “São pessoas de todos os tipos: esportistas, atletas paraolímpicos, militantes da democratização dos meios de comunicação…” O que os une, conta, é a vontade de se reunir com movimentos sociais de outros países e trocar experiências.
Na Venezuela, a militante foi uma das organizadoras da 13ª Marcha Nacional do Orgulho GLBTI, realizada no último dia 30 de junho e que reuniu cerca de 70 mil pessoas. “É um ótimo número em uma sociedade ainda bastante machista como a nossa”, ressaltou.
Ao final da conversa, a reportagem de Opera Mundi pede para tirar uma foto de Ingrid. Ela deixa a bandeira de lado e abre a mochila, mas não acha o que procura. “Dei hoje para uma companheira a foto que tinha de Chávez. Mas não importa, apareço com a de Nicolás Maduro, seu filho mais conhecido.”
Vitor Sion é jornalista
Foto: Vitor Sion