Em Brasília, manifestantes protestam em frente ao Congresso
Com bandeiras, faixas e muitos cartazes pedindo, principalmente, a derrubada do projeto que trata da terceirização, o fim do fator previdenciário, a aceleração da reforma agrária e o fim dos leilões do petróleo – itens constantes da pauta de reivindicações –, trabalhadores de diversos setores ocuparam a Esplanada dos Ministérios desde o início da tarde.
Publicado 11/07/2013 19:23
A manifestação organizada pelas centrais sindicais foi tranquila e sem violência, a partir da concentração dos participantes feita em três pontos distintos. Os manifestantes marcharam pela Esplanada dos Ministérios durante a tarde e fizeram atos nos ministérios da Agricultura e das Comunicações.
Em frente ao Congresso, parte dos manifestantes ouviram discursos dos representantes dos trabalhadores sentados no gramado ou em frente ao espelho d'água. Policiais fazeram um cordão de isolamento em frente ao Parlamento.
Movimentos estudantis e LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) também participam do protesto. Os estudantes pedem a valorização do professor e mais recursos para a educação. Os grupos LBGT pedem a saída do deputado Marco Feliciano da presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara e a criminalização da homofobia.
Desde o início da tarde, manifestantes se concentraram na frente do Museu Nacional da República. Já na frente da Catedral Metropolitana, ficaram aguardando o início do ato estudantes e representantes das caravanas dos outros estados. No trecho próximo ao Ministério da Educação, reuniram-se professores e filiados a sindicatos de servidores públicos do Distrito Federal. Os grupos começaram a sair em passeata por volta das 16h rumo ao Congresso Nacional.
Ao longo do dia, os serviços de transporte público funcionaram normalmente, mediante acordo feito dias antes. Servidores distritais e de vários ministérios também foram liberados do trabalho, para ter a opção de se juntar à passeata.
Apesar da preocupação dos organizadores de evitar palavras de efeito com críticas à presidenta Dilma Rousseff, de forma a fazer com que a pauta representasse a reivindicação de direitos solicitados pelos trabalhadores, o tema não deixou de fazer parte da manifestação. Durante a manhã, representantes da União Geral dos Trabalhadores (UGT) e do Movimento Brasileiro dos Trabalhadores Sem Terra (MBTST) saíram em carros de som pedindo maior atenção por parte do governo e ressaltando que a pauta das ruas observadas nas últimas semanas também está incluída nas reivindicações do movimento.
“Os organizadores pedem para separar as duas coisas, mas não tem como isso acontecer, é o momento do país que nos diz isso”, destacou Ricardo Soares, da UGT.
Invasão do Incra
No Setor Comercial Norte, aproximadamente 500 manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e das Mulheres Camponesas invadiram o prédio do Incra e impediram a entrada dos servidores. Apesar disso, não houve cenas de violência ou confronto. O grupo se afastou da mobilização na Esplanada e permaneceu no local, sendo observado de perto por policiais militares. “Vamos apenas ficar aqui. Não pretendemos fazer bagunça”, frisou o agricultor João Santos.
“Queremos acesso a terras produtivas, comida, assistência à saúde e à educação e assistência à terra. O prédio hoje vai funcionar da forma como está caminhado a reforma agrária no país”, disse a agricultora Lucimar Nascimento. Os integrantes do MST pretendem fazer um pronunciamento pedindo ao governo por reforma agrária até o fim do dia, em frente ao Ministério da Agricultura.
Também é grande o número de barracas instaladas em frente ao Congresso Nacional. Desde o final de semana já estavam montadas várias delas, em sua maior parte, por agentes penitenciários que reivindicam a derrubada do veto presidencial ao Projeto de Lei Complementar (PLC) 87, de 2011. O texto dá direito de uso de arma de fogo pela categoria fora do horário de serviço. Outras barracas foram montadas por manifestantes de vários estados que vieram a Brasília por meio de caravanas montadas pelas entidades.
Na concentração dos professores, o alerta foi para com o Plano Nacional de Educação (PNE), a jornada do piso nacional dos professores e os royalties do petróleo para a educação. “O Sinpro defende o projeto da divisão dos royalties aprovado pela Câmara dos Deputados, que foi prejudicado pelo substitutivo aprovado posteriormente no Senado. O Sinpro também apoia a Pauta Unitária das centrais sindicais”, afirmou folheto distribuído pelos organizadores. “Nossa luta é por salários melhores e educação de qualidade”, acentuou Fábio Albuquerque, docente da rede pública do Distrito Federal.
Pauta unificada
Desde a quarta-feira (10), representantes das centrais tomaram cuidados para que a concentração não envolvesse questões que ficassem de fora da pauta de reivindicações. “Nossa intenção é trabalhar por uma manifestação pacífica, até porque estamos esperando caravanas com pessoas de fora que vêm reforçar a pauta unificada de lutas dos trabalhadores junto ao Congresso”, acentuou o secretário da Administração e Finanças da CUT-Brasília, Julimar Nonato.
A pauta unitária das centrais nas manifestações inclui nove itens, entre redução de jornada de trabalho para 40 horas semanais, fim do fator previdenciário, 10% do PIB para a Educação, 10% do orçamento da União para a Saúde, transporte público e de qualidade, valorização das aposentadorias, reforma agrária, suspensão dos leilões de petróleo e a rejeição ao Projeto de Lei 4.330 (que trata da terceirização), em tramitação na Câmara.
Os organizadores estimam a participação de cinco mil pessoas.
Fonte: Rede Brasil Atual e Agência Brasil