Ariano Suassuna realiza aula-espetáculo no Dragão do Mar
Em sua aula, o escritor e poeta discorrerá sobre arte, mercado e identidade cultural
Publicado 11/07/2013 10:35 | Editado 04/03/2020 16:28
O Anfiteatro do Dragão do Mar promete ser pequeno para acolher o público ávido por escutar as palavras do romancista, dramaturgo e poeta Ariano Suassuna. O mestre Ariano, como costuma ser chamado, estará no local no próximo dia 18 de julho, às 20 horas, para apresentar sua famosa aula-espetáculo, em que ele defende a cultura brasileira e a identidade nacional, condena a cultura da globalização e demonstra que, para ele, arte não é mercado, é missão. O evento tem entrada franca. Classificação etária: 12 anos.
Capoeira
Suassuna protagoniza um projeto maior, "Ariano Suassuna – Arte Como Missão", idealizado e coordenado por Elias Sabbag e Marcos Azevedo, que percorrerá sete capitais no segundo semestre de 2013 e tem o patrocínio da Caixa Econômica Federal. Em Fortaleza, além da aula-espetáculo no Dragão, o ciclo de atividades traz uma exposição fotográfica inédita que reúne 37 fotografias assinadas pelo fotógrafo e artista plástico Alexandre Nóbrega, fruto de sua convivência muito próxima com o escritor, e uma mostra de filmes composta por oito títulos, entre ficções e documentários, sobre a vida e a obra de Ariano, atividades a serem realizadas na Caixa Cultural Fortaleza.
Vida e Obra de Ariano Suassuna
"Arte pra mim não é produto de mercado. Podem me chamar de romântico. Arte pra mim é missão, vocação e festa”.
Considerado por diversos críticos o principal escritor brasileiro em atividade, Ariano Suassuna, há décadas, é um nome destacado da nossa cultura. Dramaturgo, romancista, poeta, ensaísta, idealizador e principal teórico do Movimento Armorial, tornou-se íntimo do povo brasileiro devido ao sucesso de sua peça O Auto da Compadecida, transposta para a televisão e depois para o cinema por Guel Arraes. Antes disso, houve a adaptação para a TV da peça teatral Uma Mulher Vestida de Sol. Seguiu-se a adaptação de Romance d’A Pedra do Reino, ambas de Luiz Fernando Carvalho. Seu pensamento indignado vem iluminando as reflexões sobre cultura brasileira, influenciando inúmeros artistas, movimentos culturais e provocando ricos debates intelectuais.
A partir de 1942 passou a viver no Recife, onde terminou, em 1945, os estudos secundários no Ginásio Pernambucano e no Colégio Osvaldo Cruz. No ano seguinte iniciou a Faculdade de Direito, onde conheceu Hermilo Borba Filho. E, junto com ele, fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco. Em 1947, escreveu sua primeira peça, Uma Mulher Vestida de Sol. Em 1948, sua peça Cantam as Harpas de Sião (ou O Desertor de Princesa) foi montada pelo Teatro do Estudante de Pernambuco. Os Homens de Barro foi montada no ano seguinte.
Em 1950, formou-se na Faculdade de Direito e recebeu o Prêmio Martins Pena pelo Auto de João da Cruz. Para curar-se de doença pulmonar, viu-se obrigado a mudar-se de novo para Taperoá. Lá escreveu e montou a peça Torturas de um Coração em 1951. Em 1952, volta a residir em Recife. Deste ano a 1956, dedicou-se à advocacia, sem abandonar, porém, a atividade teatral. São desta época O Castigo da Soberba (1953), O Rico Avarento (1954) e o Auto da Compadecida (1955), peça que o projetou em todo o país e que seria considerada, em 1962, por Sábato Magaldi “o texto mais popular do moderno teatro brasileiro”.
Em 1956, abandonou a advocacia para tornar-se professor de Estética na Universidade Federal de Pernambuco. No ano seguinte foi encenada a sua peça O Casamento Suspeitoso, em São Paulo, pela Cia. Sérgio Cardoso, e O Santo e a Porca; em 1958, foi encenada a sua peça O Homem da Vaca e o Poder da Fortuna; em 1959, A Pena e a Lei, premiada dez anos depois no Festival Latino-Americano de Teatro.
Em 1959, em companhia de Hermilo Borba Filho, fundou o Teatro Popular do Nordeste, que montou em seguida a Farsa da Boa Preguiça (1960) e A Caseira e a Catarina (1962). No início dos anos 60, interrompeu sua bem-sucedida carreira de dramaturgo para dedicar-se às aulas de Estética na UFPe. Ali, em 1976, defende a tese de livre-docência A Onça Castanha e a Ilha Brasil: Uma Reflexão sobre a Cultura Brasileira. Aposenta-se como professor em 1994.
Membro fundador do Conselho Federal de Cultura (1967); nomeado, pelo Reitor Murilo Guimarães, diretor do Departamento de Extensão Cultural da UFPe (1969). Ligado diretamente à cultura, iniciou em 1970, em Recife, o “Movimento Armorial”, interessado no desenvolvimento e no conhecimento das formas de expressão populares tradicionais. Convocou nomes expressivos da música para procurarem uma música erudita nordestina que viesse juntar-se ao movimento, lançado em Recife, em 18 de outubro de 1970, com o concerto “Três Séculos de Música Nordestina – do Barroco ao Armorial” e com uma exposição de gravura, pintura e escultura. Secretário de Cultura do Estado de Pernambuco, no Governo Miguel Arraes (1994-1998).
Entre 1958-79, dedicou-se também à prosa de ficção, publicando o Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta (1971) e História d’O Rei Degolado nas Caatingas do Sertão / Ao Sol da Onça Caetana (1976), classificados por ele de “romance armorial-popular brasileiro”.
Ariano Suassuna construiu em São José do Belmonte (PE), onde ocorre a cavalgada inspirada no Romance d’A Pedra do Reino, um santuário ao ar livre, constituído de 16 esculturas de pedra, com 3,50 m de altura cada, dispostas em círculo, representando o sagrado e o profano. As três primeiras são imagens de Jesus Cristo, Nossa Senhora e São José, o padroeiro do município.
Membro da Academia Paraibana de Letras e Doutor Honoris Causa da Faculdade Federal do Rio Grande do Norte (2000).
Em 2004, com o apoio da ABL, a Trinca Filmes produziu um documentário intitulado O Sertãomundo de Ariano Suassuna, dirigido por Douglas Machado.
Serviço
Aula-espetáculo de Ariano Suassuna
Dia 18 de julho de 2013, às 20h, no Anfiteatro do Centro Cultural Dragão do Mar de Arte e Cultura. Entrada franca.
Mais informações
(85) 3488 8600 / 55 (85) 3488 8608