"Copa das Confederações foi um sucesso", diz ministro do Esporte
"A Copa das Confederações foi um sucesso", declarou o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, em entrevista publicada nesta terça-feira (9), ao fazer avaliação da competição no Brasil. Segundo ele, "não foi 100% de superação, mas resolvemos. Foi nota 9. Sobre a Copa de 2014, o ministro destacou que é preciso mais rigor nos prazos e nos testes para antecipar , mas os estádios de alta qualidade foram entregues.
Publicado 09/07/2013 10:27
Sobre as reivindicações, o ministro esclareceu que as manifestantes se preocuparam com saúde, educação, transporte e segurança. Cobram que a qualidade e o padrão dos serviços tenham paralelo com o padrão dos estádios. Isso não significa contestação à Copa. O próprio Datafolha, depois das manifestações, revelou que 65% da população continuam a favor da Copa no Brasil.
Folha – Como é hoje a relação do governo com José Maria Marin, presidente da CBF?
Aldo Rebelo – São relações normais, institucionais. Temos uma responsabilidade comum de organizar a Copa.
Folha – Por que a presidenta Dilma nunca teve uma audiência com Marin?
Aldo Rebelo – A presidenta já esteve em várias ocasiões públicas com o presidente da CBF. Eu nunca recebi um pedido oficial de audiência com a presidente Dilma. Portanto não há como se dizer que ela tenha se negado a receber o presidente Marin, isso não é verdade.
Folha – Por que a seleção não foi a Brasília encontrar a presidente?
Aldo Rebelo – Não havia como viabilizar uma viagem de última hora. Todos tinham compromisso imediatamente após o jogo e não estava prevista essa vinda. A seleção pode vir a qualquer hora. Seria até injusto achar que houve da parte da CBF qualquer tentativa de impedir a seleção de vir.
Folha – A Fifa só quer lucrar com a Copa no Brasil?
Aldo Rebelo – A Fifa é sem fins lucrativos, mas convive com patrocinadores com fins lucrativos. A Fifa tem virtudes, transformou o futebol num esporte universal. O futebol traz a projeção daquilo que a sociedade considera o ideal, onde as regras são simples, valem para todos e os méritos e as virtudes valem para todos. O mercado e o lucro podem representar um risco de transformar nossos ídolos numa parte de uma engrenagem. Corremos o risco de transformar [o futebol] em uma mercadoria que pode afastar o povo dos estádios. Na Copa, é difícil porque é, de fato, um espetáculo para um universo pequeno dentro do universo interessado. Mas penso mais é na coisa permanente, no dia a dia dos campeonatos brasileiros. Como é que você tira um torcedor do estádio, principalmente os mais pobres?
Folha – O jogo às 22h não é um problema?
Aldo Rebelo – Evidente que é.
Folha – E não há nada que o governo possa fazer sobre isso?
Aldo Rebelo – Não digo nada, porque o governo pode tentar sempre. Se não por imposição legal, o governo pode ter uma capacidade de mediação e deve ter. É preciso equilibrar entre o que o mercado dá e o que mercado tira. Remunerar melhor e melhorar a capacidade dos estádios é uma coisa boa, mas não se pode transformar isso simplesmente numa mercadoria porque isso pode tirar do futebol o seu encanto.
Folha – Quando se faz um jogo às 13h em Salvador ou na quarta-feira às 22h, é o mercado prevalecendo?
Aldo Rebelo – Evidente. Não é uma coisa pública, talvez seja melhor o interesse público. Perguntaram por que fazer a final da Copa das Confederações à noite, quando o mais lógico seria no domingo à tarde. Imagino que tenha sido o mercado também. Esse é um dos problemas [jogo às 22h], naturalmente.
Folha – Do ponto de vista do governo, como o horário pode ser discutido?
Aldo Rebelo – Isso é uma negociação entre clubes e detentores dos direitos de transmissão. Então é preciso abordar esses interessados. Tem que ser resolvido levando em conta o interesse público do torcedor, do organizador e dos clubes. Eles têm que se manifestar. Já abordei essa questão com parte dos interessados e não vi nenhuma resistência em conversar.
Folha – Como o governo avalia a Copa das Confederações?
Aldo Rebelo – Foi um sucesso. Não foi 100% de superação, mas resolvemos. Foi nota 9. Faltou a entrega [dos estádios] dentro do tempo [dezembro de 2012]. Não pudemos fazer todos os testes e isso indicou problemas que teriam sido antecipados. Precisamos para a Copa ter mais rigor nos prazos e nos testes, mas os estádios de alta qualidade foram entregues.
Folha – Uma das principais reclamações dos protestos era sobre a Copa…
Aldo Rebelo – Os manifestantes se preocuparam com saúde, educação, transporte e segurança. Cobram que a qualidade e o padrão dos serviços tenham paralelo com o padrão dos estádios. Isso não significa contestação à Copa. O próprio Datafolha, depois das manifestações, revelou que 65% da população continuam a favor da Copa no Brasil.
Folha – Como o senhor vê a vaia à presidente Dilma?
Aldo Rebelo – Nelson Rodrigues advertiu, dando o exemplo do Maracanã, que vaiava até minuto de silêncio. É um tradição no Brasil. Não é nada pessoal.
Folha – O senhor pretende deixar o ministério?
Aldo Rebelo – Pretendo, mas não sei quando nem para qual cargo. Se eu sair, uma data limite é dezembro, porque já tem a entrega dos estádios, e aí se fecha um ciclo.
Fonte: Folha de S. Paulo