Hoje é dia de ocupar a mídia e defender a liberdade de expressão
É hoje o dia para ocupar a mídia em protesto contra os desmandos dos barões da comunicação no país. Ocupar a mídia antinacional e antipopular. Ocupar a mídia uns a chamam de golpista, outros de comercial, convencional, tradicional, grande (no sentido econômico), burguesa, vassala do imperialismo, capitalista, venal, entre outros adjetivos, mas todas as alternativas estão corretas.
Publicado 03/07/2013 15:58
Juntamente com a ocupação midiática através das redes sociais na internet, também serão promovidos atos contra a Globo que incluirão a realização da “Assembleia Temática Democratização da Mídia, que tratará das medidas populares a serem adotadas contra o cartel midiático liderado pela emissora fundada por Roberto Marinho, aliado de primeira hora do golpe de Estado aplicado por militares, em 1964, contra o regime democrático brasileiro”, afirma o Correio do Brasil.
Principalmente após reportagem veiculada pelo blog O Cafezinho, na qual comprova sonegação fiscal das Organizações Globo, na época do governo FHC e a emissora ainda não ressarciu os cofres públicos. A dívida já gira em torno de R$ 1 bilhão. Mesmo tendo saindo nota no portal UOL de que a Vênus platinada pagou o montante da dívida, os movimentos sociais cobram da emissora dos Marinho que mostre o comprovante de pagamento.
Mensalão da Globo
Sem mostrar o documento que comprove o pagamento, fica-se na situação descrita pelo Correio do Brasil: “quando um ladrão de galinha é flagrado com a galinha em sua panela, o fato de devolvê-la ao dono não lhe tira a desonra de ter roubado. A gente fica imaginando quantas vezes isso não aconteceu antes”, ainda mais porque a “sonegação fiscal é o menor crime da Globo. Seus crimes políticos são piores: mensalão dos EUA para jogar contra o Brasil e apoiar um golpe de Estado; edição de debates em favor de Collor; tentativa de fraudar eleições no Rio de Janeiro, contra o Brizola; tentativas sucessivas de aplicar um golpe em Lula e agora em Dilma”, por isso “Vale um cartaz: não é só o Darf (comprovante de pagamento do Imposto de Renda)”.
E aí quando se fala em debater um marco regulatório para a mídia, vociferam e taxam de tentativa de calar a boca da “imprensa”, quando ela já está calada no que acontece de essencial no país e só divulga “notícias” para atacar o governo Dilma e criminalizar os movimentos sociais e os políticos de esquerda ou progressistas.
A própria cobertura das manifestações das últimas semanas comprovam isso. Quando as passeatas ocorriam normalmente sem confronto com a polícia ou depredações e ataques, a divulgação do evento durava segundos, mas quando tinha o “show” da violência os telejornais dedicavam generosos minutos.
A juventude tomou as ruas também contra essa mídia que temos. Tanto isso é verdade que carros de emissoras de TV foram incendiados. A Rede Globo de tamanho medo do povo fazia as coberturas das manifestações somente de helicópteros e a mídia se viu como alvo da mesma forma que outras instituições.
Também a publicidade anda na contramão da história e prega os valores do individualismo, onde o importante é ter. Ter o carrão do ano, caríssimo e se não tiver dinheiro há o mais baratinho, mas não terá aquele “mulherão” da propaganda evidentemente. Ter roupas de grife que custam algumas vezes o que os trabalhadores ganham em um ano.
Como na famosa propaganda de um cigarro que resultou na chamada “lei de Gerson” porque a publicidade dizia para fumar o cigarro para “levar vantagem” sempre e a qualquer preço. Antes de mais nada, é bom lembrar que Gerson é um ex-jogador de futebol que somente falou o texto que lhe passaram. Mas a tal “Lei de Gerson” ficou famosa.
Ou aquela publicidade de uma menininha expondo uma tesoura e insistentemente gritando “eu tenho, você não tem”. Em tempos em que merchandising não era tão presente na programação televisiva e nem havia a internet. E os publicitários não haviam descoberto que se dirigir diretamente às crianças de maneira tão vil como faz atualmente, daria melhores resultados aos clientes.
Secom beneficia os inimigos da democracia
E mesmo assim o governo federal continua sendo o maior anunciante dessa mídia. “Em 2012, os recursos destinados à publicidade de ministérios, órgãos e empresas estatais somaram R$ 1.797.848.405,13”, informa Conceição Lemes, em reportagem par ao blog Viomundo. “Desse montante, 62,63% foram investidos em televisão. A Globo, sem contar seus canais pagos, obteve 43,98% das verbas para esse meio: R$ 495.270.915,28”, Acentua Conceição.
Já para a TV fechada a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República(Secom) destinou 10,03% do montante de verbas publicitárias do governo federal, um total de R$ 112.953.614,07. Ainda, informa Conceição que os “jornais ficaram com R$ 146.579.482,64 (8,15%), as revistas, com R$ 142.218.890,06 (7,91%) e as rádios, com R$ 137.626.894,74 (7,66%). Nos três meios, uma pequena queda em relação a 2011 devido à queda de circulação/audiência”.
Com esse critério o da audiência, a Secom favorece os barões da mídia e não ajuda em nada o debate de ideias necessário para o Brasil avançar. E ainda por cima, para “a internet, único meio em franco crescimento, está na rabeira: R$ 95.614.065,68, isto é, 5,32% dos investimentos”, completa Conceição.
O secretário-executivo da Secom, Roberto Messias divulgou em artigo que afirma ser “necessário explicitar, quantas vezes forem necessárias, os critérios técnicos de mídia da Secom. Se a publicidade de governo tem como objetivo primordial fazer chegar sua mensagem ao maior número possível de brasileiros e de brasileiras, a audiência de cada veículo tem que ser o balizador de negociação e de distribuição de investimentos. A programação de recursos deve ser proporcional ao tamanho e ao perfil da audiência de cada veículo”.
“O Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, a Associação Brasileira de Pequenas Empresas e Empreendedores Individuais de Comunicação (Altercom) e especialistas em comunicação, como o professor Venício Lima, da Universidade de Brasília criticam os chamados critérios técnicos: seguem a lógica mercadista”, revela Paulo Henrique Amorim, e assim “favorecem os grandes veículos em todos os segmentos, inclusive na internet” e “não refletem os hábitos de comunicação e informação do brasileiro”, porque “têm como única referência os parâmetros das grandes agências de publicidade e seu sistema de remuneração, onde o principal elemento é a Bonificação por Volume (BV)”, por isso “ferem a Constituição Federal, pois não garantem a pluralidade informativa”, Informa Amorim.
Mas a ministra da Secom, Helena Chagas afirma que “todo mundo fica dizendo que estamos interessados só na audiência. Nosso interesse na audiência não é comercial, mas levar a nossa mensagem a um número máximo de pessoas” e acentua: “até hoje não surgiu um critério mais eficiente em relação esse objetivo principal, porque o critério da mídia técnica que usamos tem como base a audiência e o que agregamos a ele, a regionalização, que estamos intensificando cada vez mais”, conclui. Para ela não existe a possibilidade de distribuição de verbas publicitárias afim de promover avanços na comunicação livre no país, com incentivos à imprensa alternativa.
Por isso, ocupar a mídia é fundamental para defender o Projeto de Iniciativa Popular Lei de Mídia Democrática (Plipcom) e assim revolucionar a comunicação no país para todos terem vez e voz e assim expressar livremente seus pensamentos. Justamente porque pelos critérios da Secom no ano passado os 20 maiores investimentos na internet foram distribuídos de forma canhestra, ou seja, 97,5% para os sites e blogs tradicionais e 2,4% para os que se colocam no campo da esquerda.
Liberdade de expressão para todos
E esse dinheiro todo do governo federal vai para os meios tradicionais de comunicação em todas as esferas para falarem sempre muito mal do governo federal e tramarem golpes de estado, como disse o ano passado a um petista o ex-presidente da Editora Abril já falecido, Roberto Civita. Ele disse: “vou derrubar a Dilma”.
Assim, democratizar a mídia no Brasil tornou-se tão importante que os movimentos sociais, as centrais sindicais, os partidos de esquerda e a juventude nas ruas elegeram como uma das bandeiras essenciais para o país aprimorar a democracia e avançar nas conquistas sociais da classe trabalhadora e construirmos o Brasil de nossos sonhos.
Fonte: UJS