Expansão de colônias israelenses e violência impedem negociações
Saeb Erekat, membro da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e líder palestino da equipe palestina de negociações de paz reafirmou que as atividades de colonização de Israel estão eliminando a solução de dois Estados. A declaração de Erekat veio em resposta, nesta quinta-feira (27), à decisão israelense de construir 69 unidades habitacionais no assentamento ilegal Jabal Abu Ghneim (Har Homa), ao sul de Jerusalém.
Publicado 27/06/2013 12:37
Erekat pediu que a comunidade internacional responsabilize Israel por suas “violações sistemáticas do direito internacional”, e disse, em uma declaração emitida pelo Departamento para Assuntos das Negociações, que “a atividade de colonização dentro de à volta da Jerusalém Oriental ocupada [território palestino declarado em acordos internacionais] é uma das principais razões pela qual a solução de dois Estados está desaparecendo, já que sem Jerusalém Oriental não haverá um Estado palestino”.
A decisão israelense foi tomada às vésperas da visita do secretário de Estado dos EUA John Kerry, que tem dado declarações em que reitera um “empenho” pela retomada das negociações de paz.
“Israel tem um repertório selecionado esperando pelos oficiais estadunidenses, como aconteceu com o [vice-presidente Joe] Biden, que inclui colônias, colônias e mais colônias”, ele disse.
“[Israel] toca a mesma sinfonia desde a assinatura dos Acordos de Oslo, em 1993, quase triplicando o número de colonos em 20 anos, tomando terras palestinas, vidas e sustentos, no processo”.
Erekat criticou o fato de que, apesar da aceleração nas atividades de colonização, deslocamento forçado, revogação de documentos de identidade e demolição de residências, Israel assinou vários acordos de livre-comércio, incluindo o Acordo de Associação, com a União Europeia (UE).
”Em outras palavras, Israel tem sido compensado por seus crimes, deixando Tel Aviv sem qualquer incentivo para investir na paz”, disse o oficial.
O presidente de Israel, Shimon Peres, advertiu nesta quarta-feira que a solução de dois estados garantirá o futuro dos israelenses, às vésperas da visita do secretário de estado americano, John Kerry, para impulsionar o processo de paz.
"Não podemos negar a nossa realidade hoje. A solução de dois estados para dois povos não busca satisfazer apenas a Palestina, mas garantir o nosso futuro também", disse hoje, pouco antes da chegada de Kerry à região para tentar relançar a negociação entre israelenses e palestinos.
Violência versus negociações
Ainda assim, denúncias da violência de colonos e oficiais israelenses nos territórios ocupados acumulam-se também nesta quinta, como com a destruição de terras agricultáveis e o corte de 200 oliveiras, no sul de Belém. As escavadeiras israelenses foram protegidas por uma grande força militar, de acordo com fontes locais.
Duas casas palestinas também foram destruídas da mesma maneira nesta quinta, além de armazéns usados para o armazenamento de produtos de agricultura, na região de Jericó, na Cisjordânia.
Além disso, também foram feitas denúncias sobre cerca de 20 prisões em toda a Cisjordânia, violência física de colonos judeus contra pastores palestinos e também de oficiais israelenses contra dois pastores no Vale do Jordão, enquanto tentavam impedir a destruição das suas casas.
Ao menos 10 residências foram destruídas na região de Tamoun, habitada por pastores palestinos. Em 2012 as autoridades israelenses emitiram notificações de despejo a dezenas de famílias, enquanto demoliram um grande número de casas nas áreas pastoris do Vale do Jordão.
Mesmo assim, o secretário de Estado dos EUA disse que quer “ver progresso nas negociações antes de setembro”, e a OLP, presidida por Mahmoud Abbas, insiste no congelamento das construções de colônias antes do começo das conversações com Israel.
Abbas disse à rede Al-Jazeera que espera que Kerry traga algo novo e importante, durante a visita da próxima semana, e também ressaltou que uma solução de dois Estados, considerando as fronteiras de 1967, deve ser a base das negociações.
“Nós confirmamos [antes] e confirmamos [agora] que estamos preparados para retomar as negociações, e essa não é a primeira vez que fazemos isso. Acreditamos que uma solução pacífica na região, especialmente entre nós e o lado israelense, será feita através das negociações”, disse o presidente palestino.
Com informações da agência palestina Wafa,
Moara Crivelente, da redação do Vermelho