Exército do Líbano combate grupo armado que atua na Síria

Os militantes da chamada Brigada de Resistência Livre, do xeique salafista libanês Ahmed Al-Asir, têm estado em combate contra o Exército do Líbano, principalmente na região de Sidon, no litoral sul do país, e atacou um posto de controle neste domingo (23). Os apoiadores do xeique mataram três soldados libaneses, incluindo um oficial. Al-Asair afirmou recentemente ter enviado combatentes para lutar “a jihad contra o governo da Síria”, e os confrontos têm afetado também refugiados palestinos.

Mercenários contra Síria - AFP / STR

O líder do partido islâmico Hamas (da Faixa de Gaza) Khaled Meshaal afirmou nesta segunda-feira (24) estar dedicado a manter os refugiados palestinos fora dos confrontos armados que estão ocorrendo no Líbano. Meshaal entrou em contato com o porta-voz do parlamento libanês, Nabih Berri, para pedir o seu apoio, enquanto o Exército tem combatido apoiadores do xeique salafista Al-Asir.

No confronto deste domingo (23), as Forças Especiais Libanesas intervieram e perseguiram o grupo armado até uma mesquita, que serve como abrigo para o xeique, cercando o edifício. Mais de 30 pessoas morreram durante o combate de armas pesadas, mas Al-Asir fugiu em uma ambulância, segundo fontes locais, antes de retomar os confrontos em outra localidade.

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Salafistas palestinos também se envolveram na ação, em resposta a uma convocação do xeique, e foram logo cercados pelo exército libanês. No mesmo momento, tensões eclodiram em Trípoli, ao norte.

Em uma declaração à mídia, o Hamas disse que seu representante no Líbano Ali Baraka entrou em contato com vários grupos: o partido de resistência islâmica Hezbolá, o grupo Amal, o Grupo Islâmico, o Exército Libanês e outros partidos islâmicos, no campo de refugiados Ein Al-Hilwa, para tratar dos confrontos.

Ele ressaltou que "os refugiados palestinos pretendem manter boas relações com os libaneses e não têm nada a ver com os acontecimentos recentes". Meshaal ainda advertiu sobre a incitação contra refugiados palestinos na propaganda local.

Durante os confrontos da manhã desta segunda (24), Abed Jomaa, um palestino, foi morto no campo de Ein Al-Halwa, na região de Sidon, que foi palco de diversos confrontos ainda no domingo entre os seguidores do xeique Al-Asir e o Exército Libanês. Segundo fontes locais, 12 pessoas foram mortas, incluindo 10 soldados libaneses, e cerca de 40 pessoas ficaram feridas.

Um porta-voz do Exército assinalou que tem tentado manter o Líbano e os libaneses fora do conflito, na fronteira com a Síria. “Nunca agimos sobre as reivindicações para o Exército desmantelar o grupo de Al-Asir, para evitar qualquer caos”, disse, embora tenha prometido que o Exército “não vai tolerar” esses confrontos e continuará cumprindo o seu papel de proteger as pessoas, suprimindo o conflito armado no país.

O presidente do Líbano Michel Suleiman conduz uma reunião de gabinete urgente em resposta à recente escalada da violência no país, e o Hezbolá, que também faz parte do governo, continua reiterando o seu apoio ao governo constitucional da Síria, inclusive com o apoio ao Exército Árabe da Síria no avanço terrestre, para recuperar áreas controladas pelos grupos armados, inclusive terroristas, como a Frente Al-Nusra.

Há alguns meses o Líbano vem conduzindo intensos debates políticos a respeito da situação na Síria e dos efeitos que ela tem na política interna, já que os diversos grupos partidários têm posições fundamentalmente divergentes a respeito do papel sírio no país e na região. Ainda assim, o governo manifesta-se contra a intervenção estrangeira e a ingerência no sistema político da Síria.

Com agências,
Moara Crivelente, da redação do Vermelho