Ministro: "Não há democracia sem partido, sem partido é ditadura"

O secretário-geral da Presidência da República, ministro Gilberto Carvalho, manifestou nesta sexta-feira (21) preocupação com as reações contrárias à participação de partidos políticos nas manifestações que estão ocorrendo no país. Segundo Carvalho, democracia e partidos políticos estão diretamente vinculados.

Para o ministro, o momento é de celebração, mas também de apreensão. O que a sociedade precisa, disse ele, é se fazer representar por partidos que representem o povo e que não compactuem com a corrupção.

“Quando se grita ‘sem partido’, nós vemos aí um grande pedido. E não há democracia sem partido. Não há democracia sem uma forma mínima de instituição. Sem partido, no fundo, é ditadura. Temos de ficar muito atentos a isso. Então, é um momento de celebrar e, ao mesmo tempo, é um momento de apreensão e de convidar a sociedade para que haja uma disputa pela democracia de verdade, que se faça representar por partidos que, de fato, representem o povo e que não compactuem com a corrupção”, disse Carvalho.

Segundo o ministro, o fato de a imprensa brasileira ter estimulado, ao longo do tempo, “um tipo de moralismo no sentido despolitizado e um tipo de antipolítica” também contribuiu para a exclusão dos partidos dessas manifestações.

Para ele, o país vive um momento particular no qual se é necessário fazer uso de “autocrítica e abertura de espírito” para perceber que os manifestantes mandam mensagens que ainda precisam ser compreendidas para, então, ser canalizadas para o bem do país, para o avanço dos direitos e para a conquista de serviços “de um tipo de governo que, de fato, atenda à necessidade do povo”.

Atos de violência

O ministro disse ainda que o governo está preocupado com o aumento da violência durante os últimos protestos ocorridos em diversas cidades brasileiras. Carvalho destacou que o governo terá de trabalhar para atender “ao novo padrão de exigência” e às demandas que estão surgindo nas manifestações populares.

“O que está preocupando nos últimos momentos, sobretudo, é que as manifestações acabam sendo palco para um tipo de expressão lamentável, irresponsável de vandalismo que não podemos aceitar: ver a Esplanada [dos Ministérios] amanhecer do jeito que amanheceu, com serviços públicos afetados, bem como pontos de ônibus, símbolos públicos importantes como o Itamaraty e como a Catedral de Brasília”, disse o ministro.

Carvalho acrescentou que as manifestações representam uma insatisfação popular que, muitas vezes, é expressa de maneira “menos adequada”, e acrescentou que, além de combate à corrupção e de ética na política, as reivindicações que mais aparecem são relacionadas a melhorias nas áreas de saúde e educação. “[Esses temas] estão a exigir do governo atitudes nessa perspectiva”, disse ele ao se referir “às três esferas” de governo.

“[Os protestos] Também estão a mostrar que essa grande camada de brasileiros, que emergiu da exclusão e que passou a consumir e a se movimentar mais, quer novos direitos. É natural e bom que seja assim porque as pessoas não se contentam com o meio do caminho. Portanto nós mesmos criamos, digamos assim, condições para que houvesse um novo padrão de exigência, e temos agora de correr atrás para atender a essas demandas”, argumentou o ministro.

Segundo ele, a atitude do governo federal, desde o primeiro momento, foi a de “ir ao encontro das manifestações, abrir o Palácio [do Planalto] para conversas com lideranças, tendo a compreensão de que se trata de um novo tipo de movimento, um novo tipo de liderança e de uma nova forma de organização”.

Transporte público

Enquanto isso, o governo federal implementou diversas medidas, recentemente, para reduzir os custos de toda a cadeia do transporte público, desde a fabricação de ônibus e vagões de metrô até os serviços de transporte, passando pela compra de combustíveis e outros insumos utilizados pelo setor. Tais medidas foram: Desoneração da folha de pagamentos para o setor de transportes urbano rodoviário, metroviário e ferroviário; Eliminação do PIS/Cofins; Redução para zero da Cide sobre diesel; Redução da tarifa de energia elétrica; IPI zero para ônibus; Redução do custo de financiamento na aquisição de ônibus; Subsídios do governo federal para o metrô.

Da Redação, com informações da Agência Brasil e Blog do Planalto