Palestina e Israel: "Plano de paz" deve ser apresentado em breve

De acordo com um artigo da agência palestina Wafa, desta quinta-feira (20), o futuro das negociações de paz entre palestinos e israelenses tem sido o foco dos diários palestinos, enquanto o secretário de Estado dos EUA John Kerry mantém declarações de compromisso com a retomada do processo, que está em um impasse favorável aos israelenses há demasiado tempo. Kerry prepara-se para apresentar um plano de paz na próxima semana, durante visita à Palestina e a Israel.

Israelenses prendem palestino - Wafa

A manchete do diário Al-Quds dizia: “Kerry apresenta novas ideias na visita próxima e tentará aproximar o presidente [Mahmoud Abbas] e o [primeiro-ministro israelense Benjamin] Netanyahu ou [o chefe palestino das negociações Saeb] Erekat e [a ministra da Justiça israelense Tzipi] Livni”.

Já no diário Al-Ayyam, a manchete citava o Comitê Central do Fatah, partido predominante do governo palestino, com a declaração posterior à reunião em Ramallah (sede administrativa na Cisjordânia), chefiada pelo presidente Abbas: “Rejeitamos as pressões para forçar a liderança a negociar sob os termos israelenses”.

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O diário Al-Hayat al-Jadida abordou o assunto de uma perspectiva diferente, e publicou a manchete: “As ‘bombas denotativas’ dos ministros israelenses a Kerry”.

Os três jornais ressaltaram também reuniões que o presidente Abbas conduziu nesta quinta com oficiais visitantes, incluindo a chefe da política externa da União Europeia, Catherine Ashton, e o vice-presidente do Brasil, Michel Temer.

O jornal Al-Quds disse que judeus extremistas foram rezar dentro do complexto da Mesquita Al-Aqsa, um dos lugares mais sagrados para o Islã, forçando a polícia a removê-los por violar os termos das visitas.

Al-Quds disse ainda que a instituição militar israelense está tornando toda a terra que circunda as colônias judias ilegais na Cisjordânia em zonas militares fechadas, para eventualmente anexá-la ao território ocupado pelos assentamentos.

Al-Hayat al-Jadida citou um oficial do Hamas na Faixa de Gaza, Ghazi Hamad, que disse que o partido está desenvolvendo contatos internacionais para que o seu nome seja retirado das listas de organizações terroristas, o que permitirá a sua participação mais direta nas negociações de paz, como parte de um futuro governo de unidade nacional.

O Hamas tem mantido conversações positivas a esse respeito com o Fatah e os outros representantes do governo palestino na Organização para a Libertação da Palestina (OLP), o Executivo da Autoridade Palestina, que empenham esforços para a aproximação do partido islâmico ao governo, garantindo melhor representatividade da população palestina.

O representante do Quarteto (ONU, União Europeia, EUA e Rússia) mediador das negociações já emperradas, Tony Blair, ex-premiê britânico, disse em uma conferência em Jerusalém, nesta quarta (19), que um plano de progresso deve incluir política, economia e segurança, e deve ser apresentado nas próximas semanas. "A resolução do conflito israelense-palestino é essencial para a segurança de Israel e para a dignidade dos palestinos", disse.

Embora sigam numerosas as denúncias contra o abuso das autoridades e da ocupação israelense nos territórios palestinos, entre a expansão e a legalização de assentamentos, a prisão arbitrária de civis e crianças, a demolição de casas e estruturas e a violência cometida pelos colonos israelenses em território palestino, com a anuência das forças armadas, o plano de paz de Kerry ainda é aguardado pelas autoridades palestinas, mesmo que com certo ceticismo.

Com informações da Wafa,
Moara Crivelente, da redação do Vermelho