O Brasil todo nas ruas

A juventude tomou as ruas do país. Desde o impeachment de Collor não se via nada igual. Os protestos contra o aumento da tarifa do transporte público na capital paulista começaram no início do mês – a primeira manifestação foi na quinta-feira (6). Antes disso isoladamente em Porto Alegre, Goiânia e Manaus a UNE já tinha participado e reportado a luta e a vitória das UEEs que organizaram manifestações pressionando as prefeituras que acabaram resultando na redução das tarifas.

Em São Paulo, as manifestações foram ganhando corpo, e influenciando o resto do País. A UNE esteve presente em todas as manifestações paulistas e através das UEEs nos Estados avalia que essas passeatas não representam um estado de calamidade do atual governo, mas, uma cobrança natural na medida em que os avanços se consolidam. “O povo está em luta, acima de tudo, para conquistar mais direitos. Estamos nas ruas para barrar o aumento das tarifas de transporte público definido nas últimas semanas para a cidade. E também para dar seu recado em alto e bom som: não aceitaremos a repressão injustificável da Polícia Militar do governo autoritário de Geraldo Alckmin! O povo não permite ferida ao seu direito de manifestação, fundamental para a democracia que tanto lutamos para conquistar”, destacou a presidenta da UNE, Vic Barros.

Pelo País

A 5ª manifestação de quinta-feira (17) foi uma das maiores e parou as ruas da maior cidade brasileira. A população como um todo aderiu e mais de 100 mil pessoas estavam nas ruas paulistas em um protesto totalmente pacífico, depois dos tristes eventos anteriores em que a Polícia Militar gerou caos e pânico em uma repressão violenta.

No mesmo dia o que se viu ontem foi uma onda de mobilização nas principais cidades do Brasil. Foram mais de 250 mil pessoas nas ruas de doze capitais, fora algumas cidades do interior. A motivação da redução do preço das passagens também foi estendida a uma extensa lista de insatisfações nacionais. Além de preço justo e qualidade, as pessoas reivindicavam contra a corrupção, a favor de mais investimentos na saúde e educação entre outras coisas.

No Rio de Janeiro também 100 mil manifestantes fizeram uma bonita festa da democracia pelas principais vias cariocas. No fim da noite uma parcela pequena de manifestantes acabaram causando conflito, depredando prédios e causando quebradeira no centro.

Em Brasília o Congresso Nacional foi tomado, sem resistência da polícia. Os jovens ocuparam o prédio projetado por Oscar Niemayer e cantaram o Hino Nacional.

Em Belo Horizonte, também ouve repressão truculenta por parte da polícia. Manifestantes ficaram feridos e foram constatados diversos abusos policiais.

A presidenta Dilma Rousseff se pronunciou um dia depois, na terça (18), louvando o caráter pacífico dos atos. “O Brasil, hoje, acordou mais forte. A grandeza das manifestações de ontem comprovam a energia da nossa democracia, a força da voz da rua, e o civismo da nossa população”, afirmou ela.

Vitória

Em abril deste ano os jovens da capital gaúcha já tinham conseguido reverter o aumento de R$3,05 para R$2,85 no transporte público após mobilização intensa. Na terça (18), depois de 10 mil pessoas ocuparem as ruas de Porto Alegre, um dia antes, o prefeito José Fortunati (PDT) afirmou em entrevista coletiva que consegue garantir esforço para a redução do valor para R$ 2,80 — um corte de cinco centavos.

Cuiabá, Recife e João Pessoa anunciaram redução das passagens após os protestos. São Paulo e Rio de Janeiro também houve revogação do aumento da passagem. Antes disso, uma reunião na terça, no Conselho Municipal da Cidade, com líderes do Movimento Passe Livre o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), já havia admitido pela primeira vez a possibilidade de revogar o aumento da tarifa de ônibus. “Se as pessoas me ajudarem a tomar uma decisão nessa direção [redução da tarifa], eu vou me subordinar à vontade das pessoas porque eu sou prefeito da cidade”, disse. E assim se concretizou na quarta (19).

fonte: Site da UNE (texto e foto)