Movimentos ocupam ruas de São Paulo para exigir reformas
Dando continuidade às lutas, a juventude voltou às ruas da capital paulista nesta quinta-feira (20) defendendo melhorias na educação, na sáude, na qualidade do transporte. Foram cerca de 100 mil pessoas – segundo a PM – que passaram pela Avenida Paulista para participar do novo protesto. Além de representantes dos movimentos de juventude, também participaram estudantes, trabalhadores, sindicalistas, ativistas, partidários e defensores das minorias.
Joanne Mota, do Vermelho em São Paulo
Publicado 20/06/2013 23:31
Foto: Joanne Mota
O presidente do PCdoB São Paulo, Jamil Murad participou do ato na Avenida Paulista e relembrou que os protestos sempre ocorreram no Brasil. “O povo nunca dormiu, sempre esteve nas lutas das periferias das grandes cidades, nas assembleias dos movimentos sociais, no interior dos partidos políticos. As manifestações em todo o Brasil serviram para unir os movimentos em torno, não só da redução da tarifa, mas também de mudanças ainda maiores para o país”, declarou ao Vermelho.
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“O que assistimos é o exercício pleno da democracia. Precisamos ocupar as ruas, precisamos avançar nas reformas estruturais [urbana, da mídia, política, do judiciário, entre outras]. Mas, sobretudo precisamos lutar para que os tempos sombrios e de dificuldades não voltem”, completou o dirigente comunista que acompanhou militantes do PCdoB, da União da Juventude Socialista (UJS), e lideranças da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).
“Pula sai do chão, 10% para Educação”
Com gritos de luta e muitas cornetas, o movimento estudantil, bem como a juventude organizada, também marcou presença. A União Estadual dos Estudantes (UEE-SP), a União Nacional dos Estudantes (UNE), a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), a União Paulista dos Estudantes (Upes) sacudiram os milhares de estudantes que seguiam na manifestação.
Com palavras de ordem, Vic Barros, Manuela Braga e Carina Vitral, presidenta da UNE, Ubes e UEE-SP, respectivamente, coordenaram os estudantes presentes e reforçaram a luta pelos 10% para a Educação, pelas reformas democráticas e principalmente pela democratização da mídia.
Em entrevista ao Vermelho, Vic Barros apontou que “a redução da tarifa de transporte em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Goiânia representou uma vitória do povo em luta nas ruas buscando a melhoria das condições de vida para todo o povo brasileiro. Agora é chegada a hora de aprofundar nessas conquistas, com foco da luta por um transporte público para o nosso país”. A dirigente estudantil também destacou que “esse é um ótimo momento para reforçar a luta por uma educação universal e de qualidade para que a sociedade possa ter uma escola e um universidade conectada com os desafios do nosso país”.
“O povo ocupou as ruas por uma mudança tarifaria, agora ele quer mais. A Ubes está aqui para lutar por uma educação de qualidade, pela reforma urbana, pela reforma política. E não descansaremos até avançar nestas conquistas”, pontuou Manuela Braga. A presidente da UEE-SP, Carina Vitral (foto ao lado) completou: “A juventude e o povo brasileiro sabe que lutar vale a pena e que é nas lutas e nas ruas que alcançaremos mais conquistas”.
O presidente da União da Juventude Socialista, André Tokarski ressaltou a importância da união da juventude e reafirmou que a UJS está somando forças às entidades estudantis nessa luta.
“Nosso bloco está nas ruas não só para pedir um transporte público de qualidade e universal, mas também para reforçar a luta pelos 10% do PIB para a educação pública, pelas reformas estruturais e contra investidas como o projeto, aprovado pela Comissão de Direitos Humanos que é presidida pelo deputado Marcos Feliciano, que prevê a Cura Gay”.
Movimentos sociais pedem reformas estruturais
Militante, Igor Filipe, da coordenação Nacional do MST, informou que as manifestações que estão ocorrendo pelo Brasil são vistas com muito entusiasmo pelos movimentos. “As manifestações demonstram o sentimento de luta da juventude brasileira por mais direitos e por mais conquistas. Desde início, marcamos presença nas manifestações e estamos muito preocupamos com o movimento encabeça pela mídia, um movimento conservador e anti-partido”, denunciou o dirigente.
Para o coordenador do Fórum Mudar São Paulo, Jeosafa Fernandes, “o movimento está passando por uma processo de decantação, no qual os movimentos sociais começam a dar um corpo mais definido para as reivindicações. O Estado já ouviu a voz das ruas e os movimentos democráticos estão atentos para a investida, muitas vezes agressiva, da direita. Mas, hoje aqui [quinta-feira (20)], estamos não só para apoiar os movimentos que querem avanços para o Brasil, como para engrossar a lutas pelas mudanças estruturais necessárias para o país”.
Intolerância
Mesmo com a onda democrática e popular encabeçada pelos movimentos sociais, partidos e juventude, o clima de intolerância esteve presente durante todo o ato. Hostilidade entre manifestantes, especialmente contra os que decidiram levar símbolos de partidos políticos, foram frequentes. Mas, as entidades partidárias evitaram as provocações e gritaram em uma só voz: “Sem censura, abaixo a ditadura”.
Foto: Agência Ninja
“Houve um outro momento onde os partidos foram banidos das manifestações. Esse período teve início com o Golpe Militar em 1964. Tal postura se configura como um fóssil reacionário, mas a sociedade organizada está alerta e logo logo posturas reacionárias como essas desapareceram”, declarou ao Vermelho, Jeosafa Fernandes.