G-8: EUA e europeus discutem modelos fiscais contra austeridade
Enquanto o presidente Barack Obama participa de uma cimeira entre os líderes de alguns dos países mais ricos (reunidos no Grupo dos Oito, ou G8), que começou nesta segunda-feira (17), na Irlanda do Norte, o abismo econômico-político que os divide desde o estouro da crise global em 2008 foi reduzido significativamente, embora não exatamente da forma que a Casa Branca gostaria, segundo o diário estadunidense The New York Times.
Publicado 17/06/2013 12:27
Os europeus têm maneirado, recentemente, com as políticas de austeridade, dadas as manifestações massivas contra as medidas impostas pela troika (Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia), depois de quatro anos de cortes profundos nos gastos e aumento de impostos que muitos economistas culpam por manter o continente em recessão muito após a dos EUA ter terminado.
Oficiais europeus e norte-americanos disseram, em entrevistas, que os debates sobre austeridade versus estímulo, tão proeminentes em reuniões internacionais dos últimos anos, provavelmente serão silenciados na cimeira de dois dias do G8, o grupo dos oito países mais industrializados (Rússia, EUA, Japão, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha e Itália). Os países conformam cerca de metade da atividade econômica do mundo.
Essa diminuição de ênfase no debate sobre austeridade versus estímulo ocorre mesmo quando a taxa de desemprego continua em dois dígitos na maior parte da Europa, alimentando revoltas especialmente entre os jovens. Em parte, isso reflete o fato de que, antes da conferência, o secretário do Tesouro, Jacob J. Lew, e seus homólogos entre os ministros das Finanças europeus resumem as suas diferenças para que os chefes de Estado possam focar em outros temas.
Além disso, a agenda do G8 é programada pelo anfitrião da cimeira, que para esta reunião é o primeiro-ministro conservador e pró-austeridade do Reino Unido, David Cameron.
Entretanto, até mesmo a agenda de Cameron, sobre taxações internacionais, transparência fiscal e comércio, poderá ser ofuscada pela intensificação do debate dos aliados sobre intervir ou não na situação da Síria.
Essa possibilidade foi indicada nas informações sobre uma reunião por videoconferência entre Cameron, Obama, a chanceler alemã Angela Merkel, o presidente francês Farçois Hollande e o primeiro-ministro italiano Enrico Letta.
Eles discutiram sobre como “os países do G8 deveriam concordar em trabalhar juntos para uma transição polícia que acabe com o conflito na Síria”, de acordo com uma declaração de Londres. Entretanto, significativamente, a chamada não incluiu o presidente russo Vladimir Putin, que defende o respeito pela soberania síria para a decisão política e nacional do seu futuro, contra a intervenção estrangeira.
"Modelo estadunidense" contra a recessão
Oficiais da administração disseram que Obama provavelmente fará o maior esforço possível pelos argumentos econômicos contra a ênfase continuada da Europa no corte orçamentário (e a favor do modelo estadunidense relativamente “bem-sucedido”, de acordo com The New York Times), depois do encontro do G8, quando viajar para a Alemanha, na quarta-feira (19), para uma visita de Estado oficial à chanceler Angela Merkel.
Angela, como a líder da maior e mais forte economia da Europa, teve uma influência excessiva na direção econômica da União Europeia (UE). Ela e o ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, insistiram em que a Grécia, Portugal e outras economias chamadas de “periféricas”, entre os 17 países da UE que usam o euro, precisam continuar a cortar o orçamento e reestruturar o programa “caro” de trabalho, saúde e aposentadoria para uma estabilidade fiscal a longo-prazo.
Por outro lado, a Alemanha mostrou-se favorável, recentemente, a dar à França, Portugal, Itália e Espanha mais dois anos para reduzir os seus déficits públicos até o objetivo posto pela UE com base nas políticas financeiras da troika, liberando-os para talvez relaxar os cortes de gastos no curto-prazo com o objetivo de aumentar a demanda dos consumidores e a atividade comercial.
Embora a administração Obama tenha aplaudido a concessão, preferia que os alemães tivessem, por outro lado, permitido aos outros países o aumento dos déficits, não apenas o adiamento das reduções. Enquanto isso, aumentam os grupos de analistas e representantes políticos que questionam o papel da moeda única, que limita a autonomia nacional para lidar com a crise.
Com informações do The New York Times,
Da redação do Vermelho