Convenção exige liberdade aos antiterroristas cubanos
Umas das principais atividades do primeiro dia da Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba que acontece em Foz do Iguaçu foi o painel “A luta pela libertação dos cinco antiterroristas cubanos: experiências, conquistas e desafios para mobilizar a opinião pública dos Estados Unidos”. O evento reúne militantes sociais de todo o Brasil, América Latina e Caribe, acontece entre os dias 13 e 15 de junho.
Mariana Serafini, de Foz do Iguaçu, especial para o Vermelho
Publicado 14/06/2013 12:46
O painel foi dividido em duas partes, a primeira palestra foi um breve resgate histórico chamado “Por que os Cinco”, feito pelo filho de uma das vítimas do atentado terrorista contra o avião cubano em Barbados, Carlos Permuy. Em seguida, a esposa de Gerardo Hernández Nordelo, Adriana Pérez fez um relato sobre a militância, prisão e ausência do marido. A atividade foi coordenada pela ACJM –Associação Cultural José Martí – do Rio Grande do Sul e do Ceará.
Leia também:
"Proletários do mundo: comunicai-vos", diz jornalista cubano
Adriana Pérez contou sobre o período de militância do marido, Gerardo Hernandéz. Segundo ela, os cinco prisioneiros cubanos eram voluntários do Serviço de Inteligência de Cuba. “Nós abrimos mão da nossa juventude para defender nosso povo, para evitar atentados terroristas e tentativas de suicídio”, disse.
Os antiterroristas cubanos estão presos nos Estados Unidos há 15 anos, um deles, Ramón, foi condenado a duas prisões perpétuas. O crime cometido, segundo a justiça estadunidense, foi defender o povo cubano dos atentados terroristas que tanto aterrorizaram a população de Cuba na década de 1990. Houve um período em que bombardeios em hotéis durante a alta temporada de turismo cubana eram comuns. Este é só um dos exemplos do terror estabelecido na Ilha pelo governo dos Estados Unidos.
O livro "Os Últimos Soldados da Guerra Fria" de Fernando Morais foi citado no depoimento de Pérez por conter uma investigação profunda do que foram os anos de terror e a prisão dos cinco heróis cubanos nos Estados Unidos. No final da década de 1980 o governo Norte-americano realizou a “Operação Peter Pan”, que sequestrou 14 mil crianças cubanas com a ajuda da Igreja Católica. Esse tipo de informação nunca foi divulgada pela grande mídia no país. Foi por lutar contra ações assim que Gerardo, Ramón Antônio e Fernando estão presos há 15 anos.
De acordo com a esposa de Gerardo, os grandes meios de imprensa dos Estados Unidos foram todos cooptados para nunca falar no assunto “dos Cinco”, e quando falar, trata-los como terroristas. Ao contrário do que parece, Pérez nunca está preparada para falar sobre a história do marido, “desde que Gerardo foi preso eu participo desse tipo de ação divulgando o que nos aconteceu, mas não estou acostumada a falar sobre isso porque não é uma novela, é a vida real perdida em uma prisão”.
Emocionada, Pérez contou sobre a realidade das cinco famílias que estão condenadas a verem seus parentes morrerem nos Estados Unidos por crimes que não cometeram. Segundo ela, a esposa de Fernando sofre, atualmente, uma grave doença. O pai de Ramón já faleceu, sem ter contato com o filho, e boa parte dos familiares seguem sem perspectiva de um dia reencontrar os entes queridos.
E para encerrar seu depoimento, Pérez lançou um desafio, “isso só vai terminar no dia que nós unirmos todos os nossos esforços para tirá-los de lá”. Elogiou a atitude de Fernando Morais por escrever um livro que relata o outro lado da história e afirmou “só ações assim serão capazes de libertar os cinco heróis cubanos”. “Precisamos de toda a ajuda do governo, dos movimentos sociais, dos meios alternativos de imprensa e dos jovens nas redes sociais”.
Para ela, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama só seria digno de receber o Prêmio Nobel da Paz se libertasse os prisioneiros que dedicaram suas vidas a evitar a guerra. “Cuba precisa dos cinco, e eu preciso de Gerardo em minha casa”, encerrou.