"Protestar contra o aumento da passagem é legítimo", diz UNE
Durante dois dias seguidos da semana passada, milhares de jovens se mobilizaram em pelo menos quatro cidades do país para reivindicar a redução do valor da tarifa do transporte público. Nesta terça-feira (11), um novo protesto que está marcado em São Paulo (SP) promete ser ainda maior. Para Virgína Barros, presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), os atos são legítimos e contribuem para a abertura de um diálogo com a sociedade para debater a qualidade do serviço oferecido.
Publicado 11/06/2013 17:05
Foto: Blog da Ubes
"Protestar contra aumento da passagem do transporte público é legítimo. As manifestações são instrumentos para pressionar o poder público e abrir diálogo com a sociedade para debater a qualidade do serviço oferecido", declarou Vic, como é conhecida a nova presidenta da UNE, eleita no 53º Congresso da UNE, que ocorreu entre 29 de maio e 2 de junho.
Falando ao Vermelho, a militante comunista ressaltou que as reivindicações dos protestos são justas e legítimas e que é preciso aproveitar o momento para levar o debate aos usuários. “Houve reajuste em diversas cidades e a luta é para a redução de todas as tarifas. Precisamos incluir o cidadão comum na discussão sobre a necessidade de um novo sistema de transporte publico acessível, eficiente e de qualidade”, completou Vic, como é conhecida no movimento estudantil.
A jovem pontuou ainda que, ao contrário do que cravam as manchetes da grande mídia, manifestações como essas são instrumentos legítimos do movimento social para dar visibilidade às suas bandeiras. Inclusive, lembrou que a história da UNE foi construída a partir desse tipo de protesto. “A história do movimento estudantil foi escrita a partir de mobilizações de rua. O que está por trás dessas matérias tendenciosas é a criminalização do movimento social e uma espécie de justificativa para a truculência da Policia Militar contra os estudantes. A ação da PM foi desproporcional, violenta e só explicita esse caráter autoritário assumido pelo governo do estado de são Paulo”, afirmou Vic.
"É possível barrar um aumento! Nos últimos anos, a população de várias cidades do Brasil saiu às ruas para protestar e conseguiu forçar suas prefeituras a abaixar o preço da passagem. Aconteceu em Florianópolis, Porto Alegre, Vitória, Teresina, Natal, Aracajú e Taboão da Serra. Se eles conseguiram lá, podemos conseguir aqui também! Só falta São Paulo", diz a convocação para o ato no Facebook, que tem mais de 12 mil pessoas confirmadas.
Os protestos são resultado de pelo menos oito anos de discussões organizadas pelo Movimento Passe Livre (MPL). Outras entidades também participam dos protestos como DCE da USP, União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP),União Paulista dos Estudantes Secundaristas (UPES), Juventude do PT e União da Juventude Socialista (UJS). Todos os movimentos envolvidos afirmam uma postura autônoma e independente.
A presidenta da UJS em São Paulo, Camilla Lima, afirma que a independência deve ser ponto pacífico entre as organizações. Camilla reforça, também, a participação da juventude trabalhadora, que estão na periferia da capital.
“A UJS, que participa desde o primeiro ato na quinta-feira (6), defende a revogação do aumento da passagem de ônibus, metrô e trem para R$ 3. Além disso, é preciso discutir com a sociedade sobre a qualidade do transporte público com o objetivo de haver uma política de transporte para fortalecer e ampliar o serviço. Para tanto, é preciso levar para a periferia o debate sobre o que queremos para a cidade”, defendeu a liderança estudantil.
A Upes, por sua vez, lembra a dependência da maioria dos estudantes secundaristas que mora distante da escola e dos locais de cultura e lazer. “A unidade faz a força, por isso, grêmios estudantis, secundaristas de todas as regiões – dos centros e periferias – estão mais que convocados a engrossar a Marcha Contra o Aumento e pelo Passe Livre Estudantil”, diz um trecho do comunicado divulgado pela entidade paulista.
O protesto contra o aumento da passagem tem concentração a partir das 17 horas desta terça (11), na Praça do Ciclista, no cruzamento da Avenida Paulista com a rua da Consolação.
Deborah Moreira
Da redação do Vermelho