Deputadas falam sobre campanha contra Aids vetada pelo ministro
No momento em que surgem críticas e protestos contra a atitude do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, pela suspensão da peça publicitária na campanha de combate à Aids voltada para as profissionais do sexo, a Agência de Notícias da Aids conversou com parlamentares sobre a campanha publicitária a favor da prevenção às doenças sexualmente transmissíveis (DST) com o foco nas profissionais do sexo.
Publicado 11/06/2013 15:37
A campanha com o tema “sou feliz sendo prostituta”, vetada pelo Ministro, provocou a exoneração do diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, Dirceu Greco. Depois dele, o diretor-adjunto do órgão, Eduardo Barbosa, e o diretor-assistente, Ruy Burgos Filho, pediram demissão.
Para a Agência de Notícias da Aids, o Brasil, considerado modelo e vanguarda na luta contra Aids, vive uma situação inusitada com os principais gestores da área deixando seus postos.
Médica e presidenta da Comissão de Cultura da Câmara, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), disse que se deve ter em mente que “cidadãos são cidadãos, independente de suas individualidades”, inclusive nas campanhas publicitárias, e que as “amarras preconceituosas” não podem interferir.
“Uma campanha educativa, voltada ao combate de doenças como a Aids e outras DST e livre de tabus deve ser sempre uma prioridade governamental”, disse. “Essas campanhas não podem ficar à margem das ações do Ministério da Saúde”, completou.
A deputada Erika Kokay (PT-DF), que é coordenadora da Frente Parlamentar em HIV/Aids e outras DST no Congresso Nacional, afirmou que “não há como trabalhar política de saúde com preconceito”. Ela disse que acrescentaria a campanha que estava no ar e que considerava boa, o slogan “eu me cuido e sou feliz”.
A parlamentar criticou o fundamentalismo e disse que “há segmentos que apresentam maior vulnerabilidade, e, a partir do momento que o assunto é tratado com preconceito, se cria uma barreira que impede que as ações sejam efetivas para aquelas populações”.
Erika ainda lembrou o que caracterizou como “os outros erros” do Ministério, como o veto à campanha de carnaval de 2012, voltada para os homens que fazem sexo com homens, e às revistas em quadrinhos que seriam distribuídas nas escolas públicas – que tratavam de assuntos como homossexualidade e prevenção às DST.
Kokay foi enfática ao dizer que “não se pode fazer campanha querendo negar que as prostitutas existem e querendo impedir que elas sejam felizes com isso. Por que a felicidade não pode atingi-las?”, perguntou.
Da Redação em Brasília
Com Agência de Notícias da Aids