Solidariedade salva vidas

Rebeca, Marta, Davi e Ester são sobreviventes. Literalmente.

Mesmo em meio às dificuldades, os quadrigêmeos não tiram o sorriso do rosto e ainda conseguem alegrar a mãe, Linda Mar Miranda Alves da Silva, 54 anos. Com a irmãzinha Sara – que morreu poucas horas depois do parto –, eles foram os primeiros quíntuplos a nascer no Distrito Federal. E todos com problemas de saúde. Hoje, os meninos, atualmente com 13 anos, ainda lutam para sobreviver.

E os problemas são muitos. Todos, por exemplo, nasceram com paralisia cerebral. Davi não mexe a parte esquerda do corpo, Marta não tem movimentos na perna direita e Rebeca nasceu com tireoide agressiva: a menina não crescerá mais. A situação de Ester é ainda mais delicada, pois ela apresenta um quadro de hidrocefalia e desvio na coluna.

Ester também sofre convulsões e, nos últimos dias, engoliu uma pilha. “A correria foi grande. Depois de ir a vários hospitais, os médicos retiraram o objeto, mas ela ficou com uma sequela. Precisamos trocar a fralda a cada cinco minutos”, conta a mãe. “Ela está assada, faltam fraldas e todo medicamento é por minha conta”, diz Linda Mar, que não conta mais com a ajuda do pai das crianças. O casal se separou quando os filhos tinham sete anos.

Mudança

A família morava em Samambaia e mudou para Taguatinga a fim de acompanhar o tratamento de saúde dos quadrigêmeos no Hospital da Universidade Católica. A despesa com aluguel pesou no orçamento. “Não consegui continuar pagando R$ 600 por mês. Não tenho parentes no DF, estou com depressão e pressão alta. Está difícil”, confessa a dona de casa.

“Só posso contar com os brasilienses”, resume Linda Mar, que considera os filhos uma bênção. “Apesar dos problemas, não consigo imaginar a ideia de viver sem eles”, declara. “Tem dias que é difícil, eu choro sem saber o que fazer. Tem uma semana que eles não sabem o que é comer um pão”, diz.

A turma dorme em colchões no chão. Eles não têm cama. E a mãe dos quadrigêmeos cria uma sobrinha que é órfã. “Os pais morreram quando ela tinha três anos. Elizângela tem 16. É ela quem me ajuda, é meu braço direito”, comemora.

Solidária na dor

Lídia Cândida da Silva, aposentada, 76 anos, sem querer nada em troca, acolheu a família em sua casa, em Taguatinga Sul. “Vi que eles estavam passando por dificuldades e resolvi ajudar. Minha casa é grande e só moramos eu e meu filho. Eles podem ficar o tanto quiserem”, confirma Lídia, que conhece Linda Mar da igreja que frequentam, na cidade.

Foi a maior ajuda que a mãe dos quíntuplos já recebeu. “Criança quando quer comer não quer saber se tem ou não. Até meus sobrinhos sempre se lembram de trazer compras para eles”, garante Lídia, que também tem problemas de saúde. “ Não posso pagar para ir a um proctologista e um ortopedista. Há mais de um mês fiz o pedido na saúde pública e até agora não tive qualquer resposta”, lamenta.

Apesar de morarem juntas, as refeições são feitas separadas entre as famílias. “Eu sempre divido nossas compras quando vejo que eles não têm nada para comer. Desta terra não levaremos nada”, ensina dona Lídia. Além da ajuda financeira, ela também dá carinho a cada membro da família. “O carinho e a felicidade entre eles me contagiam”, festeja.

PARA AJUDAR!

Quem quiser ajudar com fraldas geriátricas, roupas, sapatos, alimentos e remédios, deve ligar para Linda Mar nos telefones 3456-2881 e 8619-9317.