Prisioneiros palestinos exigem cumprimento do direito humanitário
O advogado da Associação Addameer de Apoio aos Prisioneiros e de Direitos Humanos, Fares Ziad, visitou no domingo (2), na clínica da prisão de Ramle, dois prisioneiros palestinos de nacionalidade jordaniana, Abdullah Barghouti e Mohammad Rimawi, ambos em greve de fome. Além deles, outros três prisioneiros jordanianos estão em greve: Hamzah Othman, Muteb Mar’e e Alaa Hammad. O ministro dos Assuntos dos Prisioneiros Issa Qaraqe deu uma conferência de imprensa sobre o assunto nesta terça-feira (4).
Publicado 05/06/2013 12:36
O prisioneiro Abdullah Barghouti, de 41 anos, residente da aldeia de Beit Rima, Ramallah (centro administrativo da Cisjordânia), informou ao advogado da Addameer que iniciou sua greve de fome em 5 de fevereiro, quando estava na prisão Gilboa.
Após o anúncio da greve, o prisioneiro foi transferido para o departamento de prisioneiros civis, onde ficou por 14 dias. No dia 15 de maio, foi transferido para a prisão Jalame, para ser interrogado a respeito da sua greve de fome. Neste período, deixou também de ingerir qualquer tipo de líquido. No dia 19 de maio foi levado para o hospital da prisão Ramle.
O prisioneiro Barghouti confirmou ao advogado da Addameer que os cinco prisioneiros jordanianos anunciaram a greve em 5 de fevereiro, nas prisões de Ramon, no Negev, e Gilboa. Todos dispostos a seguir uma longa batalha, até que suas reivindicações sejam atendidas.
Entre as reivindicações, os prisioneiros pedem a transferência das prisões israelenses para cumprir o restante da pena em prisões jordanianas, conforme o acordo de Wadi Araba, assinado entre a Jordânia e Israel (tendo como exemplo o procedimento com o prisioneiro Sultan Ajlouni, condenado em Israel e transferido para as prisão jordaniana para terminar a sentença); o esclarecimento do destino dos 20 prisioneiros jordanianos desaparecidos; e a repatriação dos corpos dos mártires, mantidos no que se chama de "cemitério dos números".
Vale ressaltar que o prisioneiro Abdullah Barghouti tem a maior condenação militar na história da ocupação israelense (67 sentenças de prisão perpétua), e está preso desde 5 de março de 2003.
Sobre o prisioneiro Mohamed Remawi, de 47 anos, da aldeia de Beit Rima, próximo a Ramallah, o advogado afirmou que o preso continua em greve de fome desde 5 de fevereiro, enquanto estava na prisão Ramon. O prisioneiro foi transferido para o setor hospitalar de Ramla em 22 de maio e até hoje só bebe água.
Remawi explicou que, antes de iniciar a greve de fome, sofria com uma grave inflamação nos pulmões e intestinos e fora infectado com a "febre do Mediterrâneo". Hoje, com a falta de alimentação, sente forte cansaço e preocupa-se pelo fato de a administração prisional não lhe oferecer a medicação para os problemas de saúde. Segundo Remawi, a administração chegou a propor dar remédios em troca do fim da greve de fome. A proposta foi rejeitada categoricamente pelo prisioneiro, que está detido desde 19 de outubro de 2001, condenado a três penas de prisão perpétua.
Segundo informações dadas durante uma conferência de imprensa realizada nesta terça-feira (4), na cidade de Ramallah, pelo ministro dos Prisioneiros Issa Qaraqe, um membro do Comitê Central do Movimento Fatah, Mahmoud Alou, e Qaddoura Fares, diretora do Clube dos Prisioneiros, este foi o primeiro dia da Batalha de Emissão Nacional, que terá início com cerca de 700 prisioneiros dos serviços de segurança da Autoridade Palestina, com protestos contra o uso dos uniformes oficiais do serviço prisional (vestimenta marrom).
Eles recusam-se também a ficar em pé na hora da contagem e, como uma das principais exigências, pedem o reconhecimento de seus status como prisioneiros de guerra e, consequentemente, a transferência para prisões do interior do território ocupado da Palestina de 1967, a Cisjordânia.
A Addameer confirma seu apoio às reivindicações dos prisioneiros e salienta a necessidade de tratamento aos detidos baseado nos termos das Convenções do Direito Internacional Humanitário, as Convenções de Genebra (a terceira e a quarta, em particular, uma de 1949, sobre o tratamento aos prisioneiros de guerra, e a outra do mesmo ano, sobre a proteção de civis em tempo de guerra).
Fonte: Comitê Brasileiro de Apoio aos Prisioneiros Palestinos