Palestina: Abbas mostra confiança nos EUA apesar da ocupação

O presidente palestino Mahmoud Abbas disse nesta terça-feira (4) que o secretário de Estado dos EUA John Kerry “realiza esforços sérios e difíceis para encontrar uma solução” para o conflito com Israel. “Ele é sério e bastante interessado em alcançar uma solução”, afirmou. Abbas deu declarações durante a visita do presidente das Maldivas, Muhamed Waheed Hassan, enquanto notícias sobre mais atividades ilegais da ocupação israelense sobre terras palestinas também continuam sendo publicadas.

Demolição Israel Palestina - Wafa

O presidente palestino disse que “a bola agora está do lado israelense”, explicando que “a posição palestina é bastante clara e conhecida pelos estadunidenses e pelos israelenses, e Israel tem que aceita-la para relançar as negociações para que possamos voltar à mesa de conversações o mais breve possível”.

O objetivo palestino é reafirmado reiteradas vezes como baseado fundamentalmente em uma solução de dois Estados, observando-se as fronteiras de 1967, ou seja, da partilha feita antes da ocupação e anexação israelense de terras palestinas, a partir da Guerra dos Seis Dias, naquele ano.

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O presidente das Maldivas chegou nesta terça a Ramallah, centro administrativo e sede do governo palestino (na Cisjordânia), e ficará por três dias, para participar em uma conferência sobre a cidade de Jerusalém, programada para esta quarta-feira (5), em Ramallah.

Hassan disse, durante a conferência de imprensa, que teve conversações “frutíferas” com Abbas, que o informou sobre os últimos eventos na região e sobre o processo de paz.

“Nosso povo sempre esteve ao lado do povo palestino”, disse Hassan, que também deu relevância à reivindicação palestina de uma solução de dois Estados como condicionante para a promoção da paz no Oriente Médio.

Abbas disse buscar um Estado palestino “que viva em segurança, paz e boas relações de vizinhança com Israel”, declarações repetidas nesta semana por líderes dos EUA e da União Europeia, por ocasião da indicação de um novo primeiro-ministro, Rami Hamdallah, que substituirá Salam Fayyad em um novo governo de Abbas, em funcionamento nos próximos dias, segundo o presidente.

Ocupação e violações são entraves fundamentais

Por outro lado, a agência palestina de notícias Wafa informou sobre uma decisão do governo israelense para confiscar terras palestinas perto de Nablus, na Cisjordânia, para propósitos “militares”, o que foi classificada de uma “jogada deliberada para destruir os esforços do secretário de Estado John Kerry para reavivar o processo de paz estagnado” pelo porta-voz da Presidência, Nabil Abu Rudeineh, nesta segunda.

O porta-voz ressaltou em uma declaração à Wafa que retomar as negociações será baseado em um congelamento das atividades de assentamento por parte de Israel e a libertação de todos os prisioneiros.

As autoridades israelenses emitiram uma ordem militar nesta segunda para confiscar 60.000 metros quadrados de terras ao leste de Nablus, supostamente para fins militares. Além disso, a agência também relatou a destruição de residências palestinas pelas autoridades israelenses.

O secretário-geral da ONU Ban Ki-Moon afirmou no domingo (2) que a organização não reconhece a anexação de Jerusalém Oriental (que é parte dos territórios palestinos) e a legalização das atividades de assentamento.

Ban enviou uma carta ao Ministro de Relações Exteriores Riyad al-Malki expressando preocupação e rejeição pelas violações constantes de Israel contra os palestinos, especialmente em Jerusalém, e citou as demolições de casas, as evacuações forçadas e as restrições à movimentação, exemplos flagrantes do aspecto de "ocupação militar" de Israel sobre a Palestina e o principal motivo da estagnação do processo de paz.

Com Wafa,
Moara Crivelente, da redação do Vermelho