Conune: Estado pede desculpas e anistia comunistas goianos
Em um ato solene que reuniu mais de 7 mil jovens, o secretário Nacional da Justiça e presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão, pediu desculpas aprovou a concessão de anistia ao presidente do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) em Goiás, Fábio Tokarski, ao ex-secretário municipal de Esportes de Goiânia, Luiz Carlos Orro, e ao ex-militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB), Carol Stálin Pires Leal.
Joanne Mota, de Goiânia para o Portal Vermelho
Publicado 01/06/2013 10:23
O ato ocorreu nesta sexta-feira (31), em Goiânia, durante a realização do 53º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE).
A Comissão de Anistia, que já percorreu todas as regiões do país e está em sua 70ª Caravana Nacional, apresentou documentos do extinto Serviço Nacional de Informações (SNI), Polícia Federal (PF), Centro de Informações do Exército (Ciex) e Departamento de Ordem Política e Social (Dops-Goiás) que indicavam o monitoramento dos militantes comunistas durante a ditadura civil e militar no Brasil (1964-1985).
Luta por liberdade
Luiz Carlos Orro de Freitas relatou que seu crime foi lutar por liberdade e a repressão política. Ele rememorou o tempo de estudante de Jornalismo, na Universidade Federal de Goiás (UFG), quando foi flagrado, em 29 de maio de 1979, em Salvador (BA), no Congresso de Reconstrução da UNE. Nesse ano, ele lembra que passou a compor as fileiras do PCdoB.
Freitas foi preso pela primeira prisão em 1974, aos 16 anos de idade. Em 1979, os agentes de informação o prenderam novamente durante uma greve de operários da construção civil, em Goiânia. Já em 1980, os prontuários registram que ele assumira a vice-presidência para a Região Centro-Oeste da entidade nacional dos estudantes. Naquele momento o presidente da UNE era Aldo Rebelo (AL), atual ministro do Esporte. A terceira prisão de Freitas ocorreu em 1982, na invasão da Vila João Vaz, na Capital do Estado.
Emocionado, Fábio Tokarski externou que o Brasil de hoje é muito diferente do daquele momento, mas ainda temos pela frente desafios. E destacou que mesmo vivendo em plena liberdade, ainda sofremos com as ditaduras dos bancos e da mídia. “Minha vida foi luta por um Brasil de liberdade e de justiça. Precisamos reforçar a luta pela verdade, só assim o Brasil vai se reencontrar na história”.
Os relatórios reservados apontam que Tokarski teria sido um ativo militante goiano. Ele esteve também na criação da Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior (Andes), em Campinas (SP), no ano de 1981, e no Congresso Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat), no Estado de São Paulo. Tokarski também recordou que, em 1984, foi preso, pela Polícia Federal (PF), em São Paulo, ao lado de Eliomar Pires Martins, Odeth Ghannam, Adalberto Monteiro e Antônio José Porto Bandeira.
O militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB), Carol Stálin Pires Leal também foi anistiado na sessão especial, da Caravana da Anistia. Ele foi estudante de Arquitetura da Universidade de Brasília (UNB), onde dirigiu o Centro Acadêmico dos estudantes do curso. Foi preso em 1970 e sofreu torturas.
Em 1973, fugiu para o Chile e ficou lá até o Golpe Militar de 11 de setembro que derrubou Salvador Allende. Após o golpe do general Augusto Pinochet, acabou preso e torturado no Estádio Nacional, em Santiago. Com a anistia, voltou do exílio na Suécia para o Brasil. Ele morreu, em 1989, em um acidente automobilístico.
Quem recebeu o pedido de desculpas a concessão de anistia por Carol Stálin Pires Leal, foi sua filha Tatiana Leal (na foto).