PCdoB participa de atos pelos 10 anos de kirchnerismo
O PCdoB participou nos dias 24 e 25 de maio das comemorações dos 203 anos da independência da Argentina e da “Década ganha”, em referencia aos dez anos dos governos Néstor e Cristina Kirchner. O Partido foi representado pelo membro da Comissão de Relações Internacionais, Rubens Diniz.
Publicado 29/05/2013 15:47
Como parte das comemorações, o PCdoB participou do seminário “Um Modelo de Desenvolvimento, Inclusão e Igualdade” promovido pela “Casa Pátria Grande Presidente Néstor Kirchner”, fundação vinculada à Presidência da República e, que faz o trabalho de resgate e valorização da memória do ex-presidente argentino.
O seminário, que contou com a presença de delegações de 12 países da região, teve como expositores algumas das principais lideranças políticas e autoridades governamentais que realizaram um balanço detalhado das principais iniciativas que o governo adotou nos últimos dez anos.
Marcas da Década Ganha
Os distintos expositores apresentaram dados sobre a situação de caos que se encontrava a Argentina antes de 2003. Um país extremamente endividado, com uma crise economia e social sem proporções na sua história. Em traços gerais, os distintos expositores afirmaram que os governos de Néstor e Cristina de Kirchner superaram a fase dos discursos anti-política “que se vaiam todos”, devolveram o sentido à política, retomando o papel do Estado como indutor do desenvolvimento econômico e social.
Na abertura do seminário o vice-chanceler, Eduardo Zuain, fez uma saudação em nome da presidenta Cristina Kirchner aos participantes do seminário, e falou da retomada de uma política externa autônoma e independente, definindo que seus objetivos são a integração da América do sul, a democratização do sistema internacional a partir de alianças com outros países do sul e o fim do colonialismo.
No âmbito da política externa o vice-chanceler, reafirmou a prioridade para a integração com a América Latina e a América do Sul, dizendo que o rumo para a Argentina retomar seu crescimento econômico, fortalecer sua soberania será com o aprofundamento do processo de integração regional. “Esta será a forma como a Argentina se relacionará com o mundo”, afirmou o vice-chanceler. Colocou como prioridade o aprofundamento de iniciativas destinadas a materializar a integração nas esferas de infra-estrutura, cadeias produtivas, além do fortalecimento de direitos sociais como os direitos de imigração, saúde e educação.
O vice-chanceler foi enfático ao denunciar a militarização do Atlântico sul com a presença do colonialismo Britânico, que faz das Ilhas Malvinas uma base da Otan e onde estacionam navios com armas nucleares.
O representante do Ministério de economia e Finanças da Argentina apresentou um comparativo da situação econômica antes de 2003. De acordo com o expositor, o desemprego na Argentina de 2003 estava na casa dos 21,5% da população, enquanto na atualidade este numero atinge a casa dos 6,9%, o nível de indigência era de 26,2%, enquanto hoje esta na casa dos 1,7%. Isto somente foi possível com a retomada do papel do Estado como indutor do desenvolvimento econômico e social. Entre os anos de 2003 a 2011 o pais cresceu em media a 8% ao ano, um dos maiores crescimentos da região. Em conjunto com o crescimento foram adotavas iniciativas estratégicas como a nacionalização da YPF, a reestruturação da Aerolineas Argentinas, a estatização dos fundos de pensão, entre outras iniciativas.
Em conjunto com estas medidas econômicas, prevaleceu uma política de redistribuição dos ingressos, desenvolvidas a partir da valorização do trabalho e do salário mínimo, somado as políticas de inclusão social como a “Asignación Universal por Hijo”.
Foram registrados ainda avanços nas áreas de direitos humanos, como os julgamentos dos responsáveis pelas mortes dos militantes de esquerda durante a ditadura militar, a igual que, a política de democratização dos meios de comunicação.
Os expositores registraram que os problemas com os quais a Argentina encontrava-se no ano de 2003 não são superados em dez anos. São inúmeros os problemas estruturais que faltam ser resolvidos, entre eles destaca-se uma retomada mais planejada do crescimento industrial, um combate as causas estruturais da inflação, e uma nova política tributaria, entre outros.
De um modo em geral os participantes do seminário destacaram que as marcas principais desta década são o fortalecimento do Estado Nacional, a valorização do trabalho e a inclusão social. Como desafios para o próximo período esta a retomada do processo de industrialização, o aprofundamento das iniciativas de integração regional e uma maior participação da população nos debates políticos e nos rumos do país.
Ao realizar o uso da palavra, Rubens Diniz — em representação do PCdoB — felicitou a presidenta Cristina de Kirchner e as forças políticas que apaiam o processo pelas conquistas da “Década Ganha”, e registrou que durante o ano de 2013, as forças políticas brasileiras tem feito um debate similar realizando um balanço da última década de governos progressistas no Brasil, buscando extrair lições para avançar ainda mais. Para Diniz, é essencial aprofundar o relacionamento entre Argentina e Brasil, como fizeram os presidentes Nestor Kirchner e o Lula com a assinatura do Consenso de Buenos Aires, um acordo programático dirigido a aprofundar a integração regional e o entendimento político entre ambas as nações.
O discurso de Cristina de Kirchner no 25 de Maio
Em um ato-show que também celebrava os 203 anos da independência argentina, a Praça 25 de Maio, símbolo máximo dos argentinos contava com a presença de 700 mil pessoas, em uma grande demonstração de força e capacidade de mobilização das forças que apóiam o governo.
Em um discurso emocionado, repleto de referencias ao ex-presidente Néstor Kirchner, a presidenta Cristina de Kirchner fez um balanço das dos dez anos de governo, afirmando que as iniciativas desenvolvidas neste período foram as mais importantes das últimas décadas, em termos de inclusão social, de fortalecimento da economia, de resgate do papel do Estado como indutor do desenvolvimento econômico e social.
Dando resposta aos que afirmam que esta no fim este ciclo político, Cristina fez um chamado a que o povo se organize que se mobilize em defesa das conquistas sociais da última década, afirmando ser essencial que os argentinos “compreendam onde estão seus verdadeiros interesses”. O fim de meu governo não pode ser o fim deste ciclo político.
Fez um novo chamado a que os argentinos se mobilizem na busca de controlar alta dos preços, produto do surto inflacionário que o país vive. A presidente chamou a atenção de que não se pode dizer que a inflação é conseqüência do aumento dos salários dos trabalhadores, “quem some os preços não é o governo ou os trabalhadores”.
Os desafios para o próximo período são inúmeros. Existiram eleições parlamentares que renovam metade do congresso. Fato que chama a atenção é que justamente nos momento de maior dificuldade o casal Kirchner demonstrou capacidade para fazer as adequações que a conjuntura exigia, defendendo como prioridades o nível de atividade econômica, o emprego e a valorização dos ingressos aos trabalhadores.
De Buenos Aires,
Rubens Diniz