Feira de Santana (BA) sedia audiência sobre Dia do Documentário

A terceira e última audiência para instituir o Dia do Documentário Brasileiro como data comemorativa em 7 de agosto, em homenagem ao cineasta baiano Olney São Paulo, aconteceu no início desta semana na Universidade Estadual de Feira de Santana. O ato cumpriu o rito final exigido pela Lei 12.345/2010, que determina que a instituição de datas comemorativas no país deve ser precedida por três audiências públicas que atestem a sua relevante significação para os segmentos a que se referem.

Após essa etapa, o projeto de lei da deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA) poderá ser submetido à apreciação das casas legislativas federais. Em caso de aprovação, o Brasil será o primeiro país a prestigiar esse gênero do audiovisual, que, em 2012, respondeu por 40% da produção nacional. O encontro foi legitimado pela presença de personalidades de notório saber no segmento do audiovisual brasileiro.

Além da autora do projeto, estiveram presentes a ex-presidenta nacional da Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-Metragistas (ABD) e propositora da data, Solange Lima; o cineasta Henrique Dantas; a diretora da Associação Baiana de Cinema e Vídeo (ABCV), Carollini Assis; o secretário de Cultura, Esporte e Lazer de Feira de Santana, Jailton Batista; o diretor de Cultura de Riachão do Jacuípe, Amarílio Soares; o assessor de Relações Institucionais da Secult, Benito Juncal, e a chefa de gabinete da Secretaria de Trabalho da Bahia, Olívia Santana. Em um afinado consenso, os participantes discorreram sobre a pertinência e relevância da proposição.

Solange Lima informou que a escolha da data aconteceu após votação realizada em 2011, entre as 27 seccionais da ABD e cineastas que se manifestaram. Além da homenagem, a iniciativa da ABD encampada pela deputada Alice Portugal busca destacar a importância do documentário no Brasil, fortalecer o seu papel junto à sociedade, estimular a sua visibilidade, resgatar as obras dos documentaristas brasileiros que caíram no esquecimento, afirmar aqueles que estão surgindo e fomentar negócios no segmento.

Alice Portugal

Com uma atuação decisiva quando foi relatora da Lei do Audiovisual, Alice falou da significação da iniciativa para a história do cinema e do Brasil. “Instituir essa data é ressignificar a nossa vida, a nossa história, o nosso cinema. Homenagear Olney São Paulo é também um ato de justiça e faz parte de um objeto que é abraçado pela Comissão da Verdade. Olney foi preso, foi torturado e é possível que a sua saúde tenha sido fragilizada em função dessas intempéries”, opinou. “A narrativa brasileira passa pela lembrança de seus ícones através de homenagens como esta”, concluiu.

Após a audiência, foi exibido Sinais de Cinza, documentário de Henrique Dantas que narra de uma forma contundente o calvário de Olney nos porões cinzentos, além de fazer um apelo à restauração da sua obra. Segundo Henrique Dantas, as películas dos filmes de Olney encontram-se em lamentável estado de conservação.

Olney São Paulo

Nascido no semi-árido baiano, em Riachão do Jacuípe, em 7 de agosto de 1936, Olney morreu precocemente, aos 41 anos, depois de fazer 14 filmes e ser duramente torturado pela ditadura militar por causa de um deles, o seu fatal “Manhã Cinzenta”.

De Salvador,
Ana Emília Ribeiro
Com informações da ascom – Alice Portugal