Evaldo Lima: A importância do Vale-Cultura para o trabalhador
Na tarde desta quinta-feira (23), pudemos debater com a presença da Ministra da Cultura, Marta Suplicy, o importante tema que é o Vale-Cultura.
Por Evaldo Lima*
Publicado 24/05/2013 10:05 | Editado 04/03/2020 16:28
Transcrevo aqui um pouco da minha percepção sobre este assunto, deixando registrado previamente o meu louvor à atuação ímpar da Ministra Marta à frente da Pasta da Cultura do Governo Dilma, e que muito me honra, como historiador e entusiasta da Cultura, ser vereador por um partido que faz base deste Governo, visto que o PCdoB há dez anos compõe a aliança que elegeu Lula e Dilma.
Houve um tempo em que os historiadores formatavam a narrativa histórica com base nos acontecimentos marcantes e na participação de líderes políticos. Refletindo sobre essa questão, o ilustre camarada Bertold Brecht falou, nos versos do belíssimo poema “Perguntas de um Operário que Lê”.
“Quem construiu a Tebas de sete portas?
Nos livros estão nomes de reis.
Arrastaram eles os blocos de pedra?
E a Babilônia várias vezes destruída.
Quem a reconstruiu tantas vezes?
[…]
Para onde foram os pedreiros,
na noite em que a Muralha da China ficou pronta?
[…]
Tantas histórias.
Tantas questões.
A partir de meados do século XX, com a progressiva conscientização da classe operária, os povos trabalhadores começaram a fazer parte das narrativas da história. Certamente, o principal fator que contribuiu para a inclusão dos trabalhadores foi a própria luta por melhores condições de trabalho, moradia, vida, entre outros direitos. O que não quer dizer que a luta terminou, mas lembrando os Titãs, “A gente não quer só comida. A gente quer comida, diversão e arte”. Pois foi, exatamente seguindo esse pensamento dos roqueiros seguidores de Arnaldo Antunes, que o Ministério da Cultura criou em boa hora o Vale-Cultura, um benefício destinado, prioritariamente, aos trabalhadores que ganham até cinco salários mínimos, com o objetivo de garantir meios de acesso e participação nas diversas atividades culturais desenvolvidas no Brasil.
Em que pese esse culto à personalidade que norteou as produções culturais da historiografia tradicional, é certo que a manifestação cultural de um povo tem e deve ser emblemática não de um culto à personalidade dos líderes ou dominantes, mas sim ao seu principal objetivo, que é o próprio povo. Cito aqui as obras do imortal cineasta russo Sergei Eisenstein que mesmo a pedido da Revolução Bolchevique de 1917 fez obras-primas como Outubro e Encouraçado Potekim, pessoalmente prefiro ainda citar o símbolo de algo que me é tão caro que é o sentimento Republicano: a tela de Eugène Delacroix (foto), que hoje está exposta no Museu do Luvre em Paris, cujo título é A Liberdade Guiando o Povo. Tela esta de beleza e significados emblemáticos.

Nesse diapasão, portando, sendo as políticas culturais do nosso Brasil feitas pelo e para o povo, a implementação de programas como o Vale-Cultura tem dois objetivos claros, segundo o secretário de Fomento e Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura, Henilton Parente de Menezes: “Primeiro, fortalecer o mercado consumidor de bens e serviços criativos e, segundo, contribuir para a formação de cidadãos apreciadores e consumidores de cultura”.
O Vale-Cultura reforça o conjunto de políticas públicas destinadas a equilibrar a oferta e demanda de bens e serviços criativos, já que historicamente a maior parte dos investimentos públicos converge para as etapas de concepção e produção desses bens, sem o devido esforço de se estimular uma demanda efetiva.
*Evaldo Lima é vereador de Fortaleza pelo PCdoB