Jô quer lista e cota para ampliar número de mulheres na política 

“Um dos maiores problemas que o Brasil terá de enfrentar de modo célere e urgente para conquistar a equidade de gênero na representação parlamentar é viabilizar um sistema de lista preordenada com a previsão de cotas para as mulheres eleitas e não para candidaturas”. A sugestão foi apresentada pela deputada Jô Moraes (PCdoB-MG) no Seminário “Las mujeres y la política en clave regional” (As Mulheres e a Política na Ordem Regional), do qual participou nos dias 20 e 21, em Montevidéu, no Uruguai. 

Jô quer lista e cota para aumentar número de mulher na política

Segundo a parlamentar, todos os países que adotaram este tipo de legislação de cotas, o número de representantes apresentou significativo aumento, em alguns a proporção de mulheres subiu em até 40%, revelou.

Embora o continente americano esteja na liderança da participação das mulheres no Parlamento, à frente até mesmo da Europa, o Brasil ocupa o 30º lugar no tocante à representação feminina. Supera apenas quatro países que têm algum percentual de mulheres na composição de suas câmaras federais: Panamá, Saint Kitts and Nevis (o menor estado soberano das Américas, localizado no Caribe), o Haiti e Belize.

O Brasil também se encontra em situação precária no âmbito da representação feminina na Câmara Federal. Dos 513 parlamentares, apenas 46 são mulheres, ou seja, 8,96% dos representantes, o que coloca o País entre os últimos também no ranking da presença das mulheres nos parlamentos dos países da América Latina.

Uma situação que a deputada considera preocupante, “em razão da importância econômica, política, estratégica e territorial do Brasil, além de o País ser dirigido por uma mulher, a Presidente Dilma Rousseff”.

Luta contínua

Outra questão que foi abordada nos debates que reuniu representantes de diferentes grupos e instituições femininas diz respeito à forma como as mulheres estão sendo incluídas na democracia. “Há uma série de restrições e o que se verifica é que nossas conquistas não são permanentes, estão sempre em risco, razão de nunca se poder baixar a guarda. É fundamental reconstruir uma agenda política na região da América Latina e do Caribe”, pontuou Jô Moraes.

“O que se constata é que a luta deve ser contínua e que os movimentos autônomos de mulheres na região é que têm impulsionado a inserção e a representação feminina. Por isso, é fundamental a organização de mulheres e seu empoderamento”, avalia ainda a parlamentar.
Segundo ela, “isto tem de se dar através do fortalecimento do Estado laico para que as mulheres efetivem suas conquistas de forma soberana e autônoma”, defendeu.

Além da deputada Jô Moraes, que é Coordenadora da Bancada Feminina na Câmara dos Deputados, a delegação oficial do Brasil no evento foi integrada pelas senadoras Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Procuradora da Mulher no Senado e Angela Portela (PT-RR), Primeira-Secretária do Senado; e pela deputada Elcione Barbalho (PMDB/PA), Procuradora da Mulher da Câmara.

O evento reuniu mulheres da América Latina para discutir uma agenda comum de enfrentamento das barreiras da desigualdade de gênero, especialmente na política.

Da Redação em Brasília